Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

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raulseixas

 

No próximo dia 21 de agosto completar-se-á 20 anos da morte do gênio Raul Seixas, um misto de cantor e filósofo que influenciou, influencia e continuará por muitos anos influenciando gerações.

Não irei aqui trazer sua biografia, pois você a encontra facilmente no Google. Quero trazer minhas impressões sobre o poder fenomenal das canções do mago Raul Seixas.

Particularmente, fui “apresentado” a Raul Seixas aos 11 anos, por um rapaz chamado Xisto, que trabalhava na oficina do meu pai. Ele me deu duas fitas TDK com as músicas mais conhecidas de Raul Seixas. Apesar da minha pouca idade, fiz questão de ouvir aquele material. Gostei e ele me influenciou durante a adolescência e contribuiu muito para minha formação. Aos 12 anos, eu já estava ouvindo e gostando de Elvis, Led Zeppelin, Rush etc, mas isso não vem ao caso agora. Estamos falando sobre Raul Seixas.

 

Autor de mais de 140 músicas, distribuídas em 18 discos inéditos, Raul Seixas usava suas melodias para expressar suas ideias acerca do comportamento humano, para rebater as convenções sociais, para clamar por liberdade e para falar de religião e filosofia.

 

Suas músicas despertam as pessoas, que também passam a refletir sobre o assunto abordado e muitas vezes se pegam dizendo: “Poxa, é isso mesmo”, “Eu penso igual a esse cara”. E por ai vai.

 

Antes de Raul, o rock nacional era bobinho, não dizia nada, servia apenas para balançar os quadris. Era a época do “splish, splash foi um beijo que eu dei”, “era um biquíni de bolinha amarelinha”, “tomo um banho de lua / fico branca como a neve”. Ou seja, eram músicas animadas, mas que não traziam nada de reflexão em suas letras.  

 

Raul Seixas mudou isso. No seu primeiro disco (Krig-ha, Bandolo!, de 1973) ele já chegou dando seu recado:

 

Eu sou a mosca que pousou em sua sopa

Eu sou a mosca que pintou pra lhe abusar

E não adianta vir me dedetizar

Pois nem o DDT pode assim me exterminar

Porque você mata uma e vem outra em meu lugar.

(MOSCA NA SOPA)

 

E disse mais:

 

Eu prefiro ser

Essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.

(METAMORFOSE AMBULANTE)

 

Joga as cartas, leia minha sorte

Tanto faz a vida como a morte

O pior de tudo eu já passei

Do passado eu me esqueci

No presente eu me perdi

Se chamarem, diga que eu saí

(AS MINAS DO REI SALOMÃO)

 

 

Eu devia estar contente

Por ter conseguido tudo o que eu quis

Mas confesso abestalhado

Que eu estou decepcionado

 

Porque foi tão fácil conseguir

E agora eu me pergunto: E daí?

Eu tenho uma porção de coisas grandes

Pra conquistar, e eu não posso ficar aí parado

(OURO DE TOLO)

 

Os trechos acima, de 4 das 11 músicas do primeiro disco, mostram o diferencial deste baiano que odiava os velhos e novos baianos. Raul Seixas era do contra. Caso fosse se apresentar para um público da MPB, cantava rock, caso fosse se apresentar para roqueiros, cantava suas melodias mais regionais. Sua intenção era acabar com os rótulos e convenções.

 

Os seus 18 discos são verdadeiras pérolas estudadas em universidades do mundo todo. Mais do que simples melodias, suas músicas trazem pensamentos filosóficos e religiosos.

 

O conceito que Raul Seixas tinha de Deus, por exemplo, é constantemente citado por professores e estudiosos: “Deus é aquilo que me falta para eu compreender o que eu não compreendo”. Quer algo mais filosófico que isso.

 

Essas e outras estão espalhadas por sua obra. Visite-a.

 

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4 respostas

  1. Hoje lembramos de nosso ídolos: Cazuza, Legião, Raul, Tim, Elis, e tantos outros. Como será o mundo quando os jovens de hoje comecarem a recordar os seus ídolos?(Calcinhas, Calypsos, Aviões, MCs, fulaninho de tal…)

  2. Não vamos esquecer do disco “Raulzito e os Panteras”, de 1968, no qual tem uma música chamada “Você ainda pode sonhar” (versão de Lucy in the sky with diamonds) e outra lindíssima chamada “Menina de Amaralina”. Desde meus 8 anos de idade que me pergunto qual a melhor música do Raul, e até hoje não consigo responder.

    “Que luz é essa que vem vindo lá do céu/
    brilha mais que a luz do sol/
    vem trazendo a esperança/
    pra essa terra tão escura/
    ou quem sabe as profecias das divinas escrituras?/
    Quem é que sabe/
    o que é que vem trazendo esse clarão/
    se é chuva ou ventania/
    tempestade ou furacão/
    ou talvez alguma coisa/
    que não é nem sim nem não”.

  3. Na cidade de Ceará-Mirim existe um “cover” de Raul Seixas,Erivan Lima. É colecionador de toda a obra e publicações sobre o “maluco beleza” e há 20 anos promove no mês de agosto um tributo a Raul denominado MALUQUEZ REVISITADA onde faz exposição de todo o acervo, telão com vídeos e apresentação de Bandas com repertório exclusivo de Raul Seixas. A maioria dos participantes deste evento chega da capital Natal no famoso “Trem das Sete”. Este evento, por ocasião de sua realização, é sempre destaque nos jornais, revistas emissoras de rádio e tv. Este ano de 2009 (vigésimo da morte de Raul) a MALUQUEZ REVISITADA acontecerá dia 22 de agosto no Centro Esportivo e Cultural de Ceará-Mirim a partir das 14h00. Mais detalhes no Orkut: Comunidade do Tributo: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=4019630

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