Mossoró vive um momento delicado no que se refere às relações entre os poderes Executivo e Legislativo. Por anos a fio, a prefeitura teve a Câmara Municipal na mão, pois sempre detinha o voto da maioria dos vereadores, o que era feito em troca de favores pessoais.
De uns dez dias pra cá a situação se inverteu, e pela primeira vez na história desse país (de Mossoró), a prefeitura não tem a maioria na Casa Legislativa. O placar atual é 7 a 6. A alteração se deu porque QUATRO vereadores – outrora da situação – resolveram se rebelar: Zé Peixeiro (PMDB), Daniel Gomes (PMDB), Ricardo de Dodoca (PDT) e Silveira Júnior (PMN).
A prefeitura, contudo, não se deu por vencida, até porque duas votações de extrema importância deverão ocorrer nas próximas sessões. A primeira delas é a eleição para a Mesa Diretora da Casa, que – teoricamente – não deveria ter ingerência do Executivo, mas tem. A segunda e mais importante é a votação do Orçamento Geral do Município para 2011.
Receando perdas significativas, o deputado estadual Leonardo Nogueira, primeiro-cavalheiro do município, chamou os quatro rebelados para uma reunião. Na oportunidade, o deputado se ateve à eleição da Mesa Diretora. Tentou convencer os vereadores a alterarem a formação da chapa, sobretudo para excluir os vereadores Jório Nogueira (PDT) e Lairinho Rosado (PDB), ou até mesmo substituir a função deles, tirando este último da função de primeiro secretário.
Apesar de toda a tentativa de convencimento, não houve acordo. O G4 se mantém unido.
Na conversa, dois fatos chamaram a atenção: No primeiro, o vereador Daniel Gomes disse que dali a algumas horas, as pessoas por ele indicadas seriam exoneradas, o que demonstrava que não havia mais acordo. O deputado então sapecou: “resolverei isso agora”. Ato contínuo, ligou para o chefe de gabinete da prefeitura, senhor Gustavo Rosado, o qual disse que “estava sem jeito”, pois os jornais já estavam sendo rodados e ele não voltaria atrás. O deputado ficou sem jeito.
O segundo fato foi a informação, dada pelo deputado estadual Leonardo Nogueira, de que o ex-deputado Carlos Augusto demonstrou desinteresse na eleição da Casa. Segundo o esposo de Rosalba Ciarlini, ele está muito atarefado com a transição e outros assuntos de relevo estadual. Esse desinteresse não agradou ao vereador Claudionor dos Santos (PDT), que confiava na influência de Carlos Augusto para se manter na presidência da Casa.
Observadores de plantão, entretanto, entendem que a prefeitura está agindo no front errado. Muito mais importante do que tentar reverter a eleição para a Casa Legislativa, é a votação do Orçamento do Município para 2011. A prefeitura deveria desistir do primeiro (dando-se como vencida) e concentrar forças no segundo. É o melhor a se fazer.