Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

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O projeto de voto em listas fechadas para candidaturas a deputado federal, estadual e vereadores volta à discussão no Congresso Nacional. Propõe que o eleitor, ao contrário de escolher diretamente o candidato da sua preferência, escolha um partido político e uma lista de candidatos internamente decidida.

 

A proposta é um golpe na democracia, retirando nosso voto da luminosidade de uma eleição direta para escondê-lo na escuridão de decisões tomadas em salas fechadas. O eleitor perderia o direito de escolha numa ampla lista, obrigando-se a votar numa lista de nomes na ordem sequencial escolhida pelo partido. Assim, a provável corrupção eleitoral sairia de custosas cestas básicas para menos trabalhosos acordos entre quatro paredes. E seria a morte do voto direto, assassinado pelos que o defendiam lá atrás.

 

Muitos afirmam que a proposta é o modelo de outros países e que os partidos sairão fortalecidos, mas se formos atentos veremos que ela é defendida por velhas raposas da política, o que preliminarmente já é um bom motivo para desconfianças. Interesse coletivo não é com esta gente!

 

O atual sistema eleitoral não é uma beleza. Votamos e nos decepcionamos com candidatos ruins de memória. Mas pelo menos podemos expulsá-lo na próxima eleição! Valessem no último pleito estas listas fechadas não aconteceria a renovação verificada na nossa Câmara de Vereadores.

 

A proposta ainda prevê o financiamento de campanhas com o dinheiro público, e obviamente os partidos é que receberão estes recursos, distribuindo-os entre os candidatos da lista fechada. E além de termos sonegado nosso direito de livre escolha, ainda pagaremos mais esta conta!

 

Por outro lado, os caciques partidários empanturrados de poder poderão transformar os partidos em verdadeiras capitanias hereditárias, pavimentando o caminho das listas fechadas para parentes sucessores e apaniguados. Nota 10 para a esperteza!

 

Quisessem mesmo valorizar os partidos políticos, fortaleceriam a fidelidade partidária e acabariam com o famigerado voto na legenda, que atualmente possibilita que o nosso voto eleja um candidato em quem nós nunca votaríamos. Muitos políticos se elegem muito mais com os votos que sobraram de outros, considerado o quociente eleitoral do partido, do que propriamente com os seus votos. 

 

Uma boa proposta seria dar posse aos simplesmente mais votados. Se são 11 vagas em disputa, estão eleitos os 11 mais votados! Estes têm verdadeira expressão política! Mas isto não serve para alguns partidos, seus caciques e suas obscuras coligações!

 

 Texto de Osni Schroeder, jornalista gaúcho.

 

 

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Uma resposta

  1. Não existe coisa mais certa nesse mundo: se são 11 vagas, o correto, o justo seria que os 11 mais votados assumissem a Câmara Municipal, assim também em outros Poderes Legislativos. Mesmo porque sabemos que partidos políticos, no Brasil, só existe no papel. Na prática, tanto faz PT com PMDB. Aliás, os políticos são, todos eles, farinha do mesmo saco.

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