Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

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*Gutemberg Dias

 Há duas coisas a que temos de nos habituar, sob pena de acharmos a vida insuportável: são as injúrias do tempo e as injustiças dos homens. (Sébastien-Roch Chamfort).

 Os homens e, também, as mulheres (sem generalizar), têm mania de olhar para a vida dos outros e esquecer a sua própria. Quando nascemos somos todos agraciados com o dom da inocência. Infelizmente, o tempo passa, nós crescemos e terminamos submetidos ao determinismo social dos pobres de espírito.

A falácia social acontece sempre em dois momentos, quando você está gozando de uma felicidade enorme ou quando você está literalmente lascado. Vale ressaltar que nas duas situações a questão ou é financeira ou é amorosa. Se não for, o povo faz com que seja.

No primeiro ponto você passa a ser visto como alguém que conseguiu ser feliz por gozar de uma vida plena no amor e nas finanças. Nesse caso sempre aparece alguém para perguntar, no campo das finanças, –  enrolou quem para estar tão bem assim?. Já no campo do amor a frase é sapecada assim – pra tá feliz no amor deve estar traindo a mulher!. No segundo caso, as falas são muito parecidas, mas seguem um tom mais debochado, haja vista que desgraça quanto mais melhor. Assim frases como: “tinha tanto dinheiro e hoje vive de filar copo de whisky nas mesas dos amigos!” ou “separou-se da mulher pois era um anjo na pele de cordeiro, batia era muito nela, quando ela se rebelou deu um pé-na-bunda dele!”. As frases de efeito, já formuladas no inconsciente coletivo, passam a fazer parte do senso comum de pessoas vistas pela sociedade como próceres da fineza social.

É assim, que a falácia social toma conta das rodas de bares, varandas de amigos (ou pseudo amigos) e termina ocupando um grande espaço na vida de pessoas que deveriam se preocupar com seus próprios problemas. Mas, infelizmente, a vida é assim e vida boa é sempre a do vizinho.

Em todas as classes sociais esse tipo de falácia ocorre, mas por incrível que pareça são nas castas superiores que o bafafá é grande. Vocês já viram que estou dando o nome de “falácia social” à tão conhecida fofoca. Nesse caso, optei por esse nome pomposo, pois fica feio falar que no seio da High Society aconteça fofoca. Jamais!, como diriam os franceses, que por sinal se escreve do mesmo jeito em português (já estou dizendo que não escrevi errado, para evitar fofocas. Perdão, “falácia social”!).

Minha vida não lhe interessa é o título desse texto, pois quero com isso dizer que ela realmente não lhe interessa. Ser sincero, hoje nessa sociedade de faz de conta, é uma coisa difícil. Até para viver sua própria vida é preciso que você seja capaz de compartilha-la com outras pessoas, que as vezes, nem próximo de você estão ou estavam até ontem. Mas, fazer o quê? Eu já tomei uma decisão, vou seguir “caminhando e cantando” como diria Vandré.

No início desse pequeno texto tem um a citação de Sébastien-Roch Chamfort, que por sinal não sei nem quem é, peguei na grande rede, que expressa bem o que escrevi ai atrás. Leiam de novo, pois é danado para esquecermos o que lemos.

Assim meus caros e diletos amigos o jeito é mesmo se habituar para, pelo menos, viver em harmonia espiritual e “Tocar em Frente” a vida ouvindo a melodia de Almir Sater. Sei que uns vão dizer que a música é de Paula Fernandes, mas tudo bem, já estou me habituando!

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3 respostas

  1. Caro Erasmo Carlos tremendão, belíssimo e honesto texto da lavra do mosso companheiro e amigo Gutemberg Dias

    A propósito, acabo de ligar prá o mesmo parabenizando-o pelas escrevinhadas palavras que tão bem dizem e dissecam o quanto grande parte da dita soceidade vive verdeiramente no mundo do faz conta.

    Um abraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318

  2. Parabéns pelo texto. Concordo em gênero, número e grau com o autor… A tal falácia social é uma droga (vicia, viu?)… Tem gente dependente dessa nociva droga! O Ministério do Simancol adverte: “Viciados em falácia social precisam de reabilitação”. No entanto, eles dizem: NÃO NÃO NÃO.

  3. Amigo Gutemberg, parabéns pelo belíssimo texto, e obrigada pelo presente que nos destes nesta quarta-feira. Ah, e a proposito, “Minha vida não lhe interessa.” Viu?

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