Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

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(*) José Romero Araújo Cardoso

Secas, fenômeno climático que aterroriza as populações interioranas há tempos imemoriais, vetoras de catástrofes, inimiga pungente da qualidade de vida, artifício vergonhoso de uma indústria mais que secular.

A história das secas no nordeste brasileiro é antiga. Inúmeros registros descreveram com linhas fortes a ação inexorável da natureza sobre o homem do semiarido, pois diversas trouxeram o signo de tragédias indescritíveis.

A calamidade que atingiu o nordeste brasileiro quando da grande e inesquecível seca de 1877-1879, a qual na definição de Rodolfo Teófilo caracterizou-se por ter sido um dos mais castigante fenômeno de estiagem que atingiu a região nordestina, responsabilizou-se só no Ceará pela morte ou pela emigração de mais de 300 mil pessoas.

O ano de 2012 iniciou-se com uma incógnita: chuvas cairão para alento do heróico povo do semiarido? Poucos milímetros estão sendo registrados, mesmo assim impossíveis de garantir que a agricultura de subsistência abasteça com o excedente os centros urbanos, tendo em vista que o agrobusiness impera de forma avassaladora visando o mercado externo, com toda tecnologia de primeiro mundo que desdenha a necessidade da maioria da população que depende da química dos céus a fim de garantir o sucesso do plantio.

Seca lastimável, providências tétricas e patéticas que nem sempre cumprem papel democrático em assistir o imenso somatório de desafortunados que em um passado distante comoveram Jesuíno Brilhante, fazendo-o agir de forma Robinhoodiana nos sertões potiguares e paraibanos à base da força coercitiva dos seus bacamartes que ousaram com coragem a apontar bem no coração dos agentes a serviço da indústria das secas.

A calamidade que se agiganta, trazendo dia após dia agruras à população, provocadas com a seca de 2012, está sendo comparada ao que foi observado há trinta anos quando da indescritível estiagem que teve inicio em 1979 e adentrou de forma intolerável, desumana e horripilante até meados da década seguinte do século passado.

Dramático observar que a poesia de Patativa do Assaré, imortalizada pelo expoente maior da música regional nordestina, continua atualíssima. A fuga em direção a centros mais hospitaleiros do ponto de vista socioeconômico, de geração de emprego e renda, embora eivado de preconceitos, ainda continua a afligir mentes e corações daqueles que são por natureza apegados à terra, possuidores de relação telúrica extraordinária com o meio. Cotidianamente milhares de nordestinos desembarcam na porção mais rica da nação em busca de melhores condições de vida. Em inúmeros casos encontram condições de existência piores do que deixou em seu torrão natal. Subemprego e marginalidade passam a integrar de forma corriqueira as paisagens nas quais se inserem.

Triste constatar em nossas feiras que a lei da oferta e da procura rege as relações comerciais. O feijão, símbolo da agricultura familiar, alcança preços estratosféricos a cada dia que passa, frutos da indisponibilidade do produto em razão da ausência de chuvas.

Penoso é saber que a falta de critérios e de humanismo com a região nordeste em tempos de crises provocadas pelo drama climatérico ainda são constantes e tidos como naturais por aquela minoria que usurpou o poder e todas as benesses enquanto legados meticulosamente trabalhados desde a nossa formação socioeconomica.

(*) José Romero Araújo Cardoso, geógrafo, professor-adjunto do departamento de geografia do Campus Central da UERN.

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4 respostas

  1. ANO DE ELEIÇÃO, TÁ DO JEITO QUE NOSSOS POLÍTICOS GOSTAM, SECA BRABA E PREOCUPANTE.

    ESSE PROBLEMA JÁ VEM DE MUITO TEMPO.

    Seu doutô os nordestino têm muita gratidão
    Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão
    Mas doutô uma esmola a um homem qui é são
    Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão
    É por isso que pidimo proteção a vosmicê
    Home pur nóis escuído para as rédias do pudê
    Pois doutô dos vinte estado temos oito sem chovê
    Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem cumê
    Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage
    Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage
    Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage
    Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage
    Se o doutô fizer assim salva o povo do sertão
    Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação!
    Nunca mais nóis pensa em seca, vai dá tudo nesse chão
    Como vê nosso distino mercê tem nas vossa mãos

  2. Esse problema é antigo já se fazia algum tempo que não tinha uma seca deste tamanho , logo tivemos um periodo de alguns anos de pluviosidade alta o que adiou esse fenomeno para este ano, os açudes estão secando e as cabeças de gado morrendo, se nós formos avaliar do “Pé” falta cisternas? sim, realmente falta, mas, o problema é muito maior do que isto.
    Se considerarmos que 65% de toda água consumida é utilizada pela agricultura, 25% pelas indústrias e que os restantes 10% são encaminhados para diversos fins urbanos, temos uma redução de 10% na fração destinada à irrigação que libera água suficiente para grosseiramente, duplicar o consumo doméstico em âmbito mundial (Sanches & Felicio, 2003).
    A solução poderia estar na utilização de efluentes (esgoto) na agricultura, e como usar um esgoto na agricultura, ora se a agricultuta também precisa de um padrão de potabilidade elevado?
    a resposta é simples: Tratamento.
    A resolução CONAMA n°357 de 2005 enquadra que para a agricultura de frutos com contato direto no chão e hortaliças tem que ser usada se água doce classe 1 , 2 ou 3 e salobra classe 1.
    Esse padrão de potabilidade não é algo impossivél de se consseguir a SABESP já conssegue tratar seus efluentes até em nivél térciario.
    O problema é que nunca se olhou por esse lado, mossoró não dispõe de uma ETE (estação de tratamento de efluentes), tornando o processo impossivél de acontecer.
    Se nós morassemos em uma região onde não se dispusesse de tanto recurso hidrico, como lençois e rios, nossa situação já estaria complicada a muito tempo, isso é só um reflexo de uma administração que não pensa em sustentabilidade.

  3. O grupo Moura Dubex, por meio das empresas Moura Dubeux Engenharia e Cone S/A, apresentou, na manhã deste terça-feira (15), os detalhes do complexo multiuso Convida Suape, um dos cinco megaempreendimentos do tipo cidades planejadas anunciados na semana passada, na Região Metropolitana do Recife (RMR). O projeto, que será construído no Cabo de Santo Agostinho, terá investimentos de R$ 6,5 bilhões em uma área de aproximadamente 5 milhões de metros quadrados (500 hectares). Todo o complexo vai gerar cerca de 17 mil empregos diretos na fase de obras e após a conclusão.
    O números do projeto impressionam tanto pelo volume financeiro injetado quanto pela funcionalidade. Serão quatro etapas de construção e um total de dez bairros em todo o complexo. De acordo com a diretoria da MD, a cidade planejada terá capacidade para atender uma população de até 100 mil habitantes. Do total de 500 hectares do terreno do Convida Suape, conforme acunciaram as empresas envolvidas, 32% (151 hectares) serão destinados a áreas verdes, o equivalente a 22 parques semelhantes ao da Jaqueira, na Zona Norte do Recife. Outros 210 hectares serão voltados para o setor residencial com a oferta de 25 mil unidades habitacionais. O restante do terreno, segundo a MD, comportará outros quatro polos (empresarial, saúde, educação e lazer).

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