Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

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Diante de tantos artigos e reportagens condenando a aliança entre Lula da Silva e Paulo Maluf, o blog – em atenção ao contraditório – decidiu trazer um artigo que procura explicar as razões da união Lula-Maluf:

 *Jair de Souza

 O golpe institucional contra o presidente legítimo do Paraguai, Fernando Lugo, deveria servir de lição a todos os que nos identificamos com a proposta de construir uma sociedade justa e solidária, a qual, inevitavelmente, teria que apontar rumo ao socialismo.

O primeiro ensinamento que poderíamos extrair é que estar formalmente no comando do governo não significa necessariamente ter o poder real no país. O poder real depende sempre, por mais desagradável que isto possa soar aos ouvidos de muitos, da real correlação de forças existente.

Não deveria ser preciso lembrar a nenhum de nós que a burguesia somente ama e respeita a democracia enquanto esta puder servir a seus interesses. Diante de qualquer situação na qual o seguimento dos preceitos democráticos possa estar levando a uma perda de poder real por parte da burguesia, a mesma não vacilará em abdicar descaradamente de tudo o que se refira à democracia.

Para nós, latinoamericanos, os exemplos do Brasil 1964, do Chile 1973, de Honduras 2009 e o recentíssimo caso do Paraguai deveriam servir por si sós para não deixar nenhuma margem de dúvida a este respeito.

Também deveria estar muito claro para todos nós o fato de que as forças populares ainda não dispõem em quase nenhum dos países de nossa América de organização e estruturas suficientemente fortes para dar um combate decisivo pelo poder contra as forças burguesas. E que fazer diante de um panorama tão sombrio?

Poderíamos, como muitos fazem, continuar bradando contra o capitalismo, prevendo futuros catastróficos e coisas pelo estilo, ao mesmo tempo em que renunciamos a tomar parte ativa na disputa pelo poder na sociedade. Poderíamos esperar até o dia em que, finalmente, nossas forças venham a ser grandes o bastante para que partamos para a consecução de nosso objetivo tão sonhado. O único ponto negativo neste caso é aquela cruel certeza de que, por esta via, este dia nunca chegará.

Alianças são feitas quando não se têm condições de chegar ao governo (e manter-se nele) tão somente com as forças próprias do campo popular. Com os demais setores do campo popular não se faz aliança, e sim a unidade. É preciso ressaltar que não basta ganhar a eleição, é preciso que haja condições concretas que permitam que o novo governo consiga levar adiante o programa mínimo aprovado junto às outras forças da aliança.

Sendo assim, é de fundamental importância que o bloco representativo dos trabalhadores nesta aliança esteja realmente sob o comando de gente verdadeiramente afinada com os interesses que deveriam representar. Não me parece admissível que, numa aliança dos trabalhadores com setores da burguesia, o comando das forças dos trabalhadores fique nas mãos de defensores do neoliberalismo (do tipo Palocci, Vacarezza e assemelhados).

Esta exigência de total coerência com os interesses dos trabalhadores me parece fundamental para que, no decurso do processo, as conquistas populares não deixem de avançar mesmo havendo condições objetivas para que isto se dê.

Não deveríamos nos esquecer de que a burguesia, em última instância, apela para o poder militar. Ou seja, a burguesia sempre vê no poder militar uma força à qual recorrer quando os instrumentos de manipulação tradicionais não dão conta do recado. Em outras palavras, tudo se torna mais difícil para o campo popular quando não se têm influência significativa junto às forças militares.

Agora, cabe perguntar, no Brasil, qual é a influência que as organizações do campo popular têm junto aos militares brasileiros? Até onde eu sei, os jovens oficiais de nosso país continuam realizando suas cerimônias de formatura com homenagens ao general Garrastazu Médici. Isto me parece bastante significativo.

Em lugar de indignar-nos porque Lula deixou-se fotografar ao lado de Paulo Maluf, deveríamos perguntar se chegar ao governo da capital de São Paulo com uma chapa encabeçada por Fernando Haddad, ainda que fazendo concessões ao malufismo, seria para o povo trabalhador melhor, pior ou igual a manter o governo da tucanalhada.

Para mim, está bastante claro que Maluf tentará aproveitar-se desta aliança para sair do sufoco em que se encontra no momento. Já o campo popular deveria servir-se desta aliança com Maluf para tentar alcançar e consolidar posições que não têm condições de atingir por si só no momento. Daí a importância de que o comando das forças populares seja composto de gente inteiramente coerente com os interesses dos trabalhadores. Indignar-se por uma foto me parece típico do pseudo-moralismo hipócrita do udenismo.

*Jornalista e escritor.

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5 respostas

  1. Começou o texto cometendo um grande erro. O que houve no Paraguai não foi um golpe. A constituição de lá, muito diferente da de cá, permite que se troque o presidente como se troca de roupa. Lá, diferente de cá, é, escreveu não leu, é analfabeto. O brasileiro não é acostumado a isso. Está acostumado a ser roubado e aceitar como se nada estivesse acontecendo. Está acostumado a ser roubado e a ficar calado ou se muito fizer, resmungar e se lamentar com pessoas mais próxima, haja vista que, o brasileiro além e carregar no sangue o DNA da mentira; da corrupção; da malandragem; da Lei da vantagem; da roubalheira e da falta extrema de educação, carrega também o da “frouxura”. O povin é frouxo até a medula. Só se levanta para gritar gol e só briga por futebol.

    Um fato interessante que está acontecendo, é o PT e a presidente do Brasil virem a publico dizer que foi golpe e os seus fanáticos seguidores dizerem o mesmo. Ora, se a opinião do PT é de que foi um golpe, na opinião do povo paraguaio não foi. E ai? Quem está certo?

    A prova maior que não foi um golpe, é a falta de manifestação por parte dos seguidores do ex presidente.

    Quem dera que se neste país tupiniquim fosse assim. Na primeira mijada fora do caco, a população desse um pé na bunda do seu governante. Mas, isso nunca acontecerá porque a constituição brasileira foi feita pelos políticos e jamais incluiriam um rápido pé na bunda neles mesmos. Mesmo que eles sejam pegos roubando em flagrante. Vide Lula e o mensalão.

  2. Ainda sobre o impeachment do ex presidente Fernando Lugo.

    A Constituição do Paraguai diz que o novo governo é legal; o Congresso diz que o novo governo é legal; as cortes superiores eleitoral e de justiça dizem que o novo governo é legal e a população diz SIM! O novo governo é legal.

    Aqui no Brasil a Besta Barbuda falou a imprensa que “aquilo” foi um golpe.

    Perguntar não ofende: Em nome de quem falam os Ptralhas e a presidente Dilma quando reafirmam a ilegitimidade do processo?

    Quando não se sabe o que se diz, é “miocalá”.

    (Boca de Xafurdo – Metade homem, metade fuleiragem e 1.000% contra as idiotices brasileiros. E como tem!)

    KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

  3. Belo texto. Quem sempre bebeu álcool 98, agora quer chamar de alcoolatra quem colocou umas doses de cachaça no próprio refrigerante.

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