Apesar de alguns focos de resistência, quase todos os órgãos públicos do Estado já disponibilizam em suas páginas oficiais a lista de seus servidores e as respectivas remunerações, geralmente num link denominado “Lei de Acesso à Informação”.

Houve muita resistência por parte de alguns servidores, sobretudo aqueles do alto escalão, que não queriam que seus vencimentos ficassem expostos à bisbilhotice, e, ainda, por questão se segurança, a larápios de toda a ordem, como estelionatários, sequestradores etc.

O fato é que os vencimentos foram publicados. No início houve corre-corre para saber quanto “ganha” o vizinho, o parente, o amigo, o chefe, o colega etc. Passados alguns dias, os potosís alheios deixaram de interessar tanto.

Particularmente, não vejo muita serventia nesta exposição de vencimentos, mas também nada tenho contra. Acho, contudo, que a transparência deveria ser de mão-dupla. O servidor deveria ter acesso aos dados da pessoa que está visualizando seu contracheque, como ocorre no Portal da Transparência do Senado Federal.

Para ter acesso às informações da remuneração de um servidor do Senado, o usuário deve preencher um cadastro e então efetuar login a cada pesquisa. O servidor “bisbilhotado” recebe um e-mail com os dados de quem visualizou seu contracheque. Este deveria ser o método padrão.

O curioso é que o site não informa que o servidor receberá um e-mail com seus dados, assim, muitas pessoas são surpreendidas quando o servidor indaga qual o interesse delas em “bisbilhotar” seu contracheque.

O que precisa de transparência no serviço público não é a remuneração dos servidores, mas os processos licitatórios, as motivações das nomeações de cargos comissionados, o porquê de algumas contratações etc.