Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

11

  

Logo após o encerramento do Mossoró Cidade Junina, o chefe de gabinete da prefeitura de Mossoró, Gustavo Rosado, concedeu várias entrevistas aos órgãos de imprensa locais “gritando” o sucesso do evento. Não faria diferente, é óbvio.

 

Sobre as atrações, Gustavo Rosado disse que bandas como Aviões do Forró, Forró do Muído e Garota Safada são necessárias porque têm apelo comercial e consequentemente trazem um maior público ao local das festas. Ou seja, o que importa é quantidade, volume…

 

Para quem se apresenta como “ativista cultural”, este posicionamento é totalmente contraditório.

 

Ou se defende a cultura ou se defende os negócios, neste último caso com o cifrão nos olhos, assim como nos desenhos infantis. Gustavo Rosado, apesar de ativista cultural, ficou do lado de capital e esqueceu a valorização da cultura.

 

Cultura? Ora a cultura…

 

Bem diferente agiu o presidente da Fundação de Cultura de Caruaru (PE), senhor José Pereira, um verdadeiro e digno defensor da cultura e da educação. No São João de Caruaru, o maior do Brasil, as citadas bandas, nem outras similares, tiveram vez. Por lá, apenas cantores e grupos comprometidos com a musicalidade que engrandece e que enaltece as raízes nordestinas. Claro que os jovens criticaram o posicionamento de José Pereira, mas ele se manteve irredutível e nem por isso o evento deixou de ser um sucesso.

 

Leia abaixo uma matéria sobre esta polêmica extraída do blog +AB, hospedado no Globo.com:

 

Caruaru não vai ceder aos apelos da juventude em favor das ‘bandas apelativas’ – Informa o presidente da Fundação de Cultura de Caruaru, José Pereira, que a prefeitura recebeu com naturalidade a crítica de uma parcela da juventude por não ter incluído na programação junina deste ano as chamadas “bandas apelativas” (Aviões do Forró, Saia Rodada, Calcinha Preta, etc).

 

Essas bandas, segundo o secretário, podem até atrair mais gente para o pátio de eventos do que Petrúcio Amorim, Maciel Melo, Flávio Leandro, Flávio José, Azulão, Novinho da Paraíba, Alcimar Monteiro, Aldemário Coelho, Eliane, Fagner, Elba Ramalho, Camarão, Geraldinho Lins, Nando Cordel, Genival Lacerda, Santana, Irah Caldeira, Bia Marinho,  Jorge de Altinho, Josildo Sá, Gilberto Gil, Amazan, Israel Filho, Zé Ramalho, Assisão, Nádia Maia, Geraldo Azevedo, Cristina Amaral e Alceu Valença, “mas deseducam a juventude” com suas coreografias de mau gosto, suas letras de péssima qualidade e até simulações de sexo explícito.

 

“Como nós trabalhamos com dinheiro público, temos obrigação de empregar bem esses recursos, contratando para se apresentar no nosso São João, que é realmente o melhor do mundo, artistas que tenham compromisso com a defesa da nossa música”, disse o presidente da Fundação com o respaldo total e absoluto do prefeito José Queiroz (PDT).

 

Ele disse ter recebido informações de Alcimar Monteiro de que o prefeito de Camaçari, na Bahia, resolveu, a partir do próximo ano, copiar o modelo de Caruaru: bandas estilizadas por lá, no período junino, nunca mais!

 

Nota do Tio: Infelizmente, não adianta esperar que a administração municipal aja como a de Caruaru, até porque todos em Mossoró sabem que o fim do Mossoró Cidade Junina não é mostrar nem valorizar nossa cultura. Os fins são outros e para tais são necessárias as bandas que tocam aqui o ano todo e que já sabem como proceder quando a apresentação é em Mossoró, via um conhecido empresário da cidade.

 

Para finalizar, quem é mesmo o presidente da Fundação Municipal de Cultura de Mossoró? Existe?  

 

Compartilhe

11 respostas

  1. Parabéns pela matéria, acho que seria de muito maior valor trazer grupos que enalteça a cultura nordestina. Digo que não perdi as festas por que é onde realmente se tem um maior número de gente, mas prefiro bandas que não sejam apelativas pois as crianças de hoje “nossos filhos” não cresçam com essa maturidade de “beber, cair levantar” ou coisa do tipo.

  2. Tio, o negócio é muito mais complicado do que se imagina, essas bandas de “forró” apelativas, fazem a parte delas, se não fizessem sucesso, mudariam de estilo. A questão aí, é educativa, de criação mesmo, nossos jovens estão embriagados pela as músicas e rítimos dessas bandas e isso tudo com a conivência dos pais, que nada fazem para que eles mudem, o consumo de alcool pelos os jovens de hoje são excessivos a cada final de semana, e o mais impressionante que as meninas consomem tanto quanto os meninos, algo tem que ser feito e podeia ter começado pela organização do MCJ, trazemdo aqui pra nós os discípolos de Luiz Gonzaga a exemplo de Caruarú.

  3. Eu não gosto de pizza, mas peço meia calabreza e meia carne de sol, a Cidade junina poderia se meia caruaru e meia campina grande. Dá pra engoli.

  4. Parábens Erasmo pela maturidade do texto, bem delineado e bem construdido! Parábens pelo desenvolvimento da idéia! Há necessidade de se refletir e concluir se somos mesmo “Cidade Junina” ótimo POST meu caro Colorau! Eu vou continuar observando e comentando! Se preciso for colocar um “salzinho” junto ao “colorau” estarei aqui pra tecer aquele comentário! Nos vemos na nossa “província” GOV! Forte Abraço!!!

  5. AMIGO,DESCORCODO TOTALMENTE DA POSIÇÃO DO SRº jOSÉ PEREIRA,JA QUE O DINHEIRO E DO POVO,O POVO TEM DIREITO DE ESCOLHER SUAS ATRAÇÕES. AGORA,SE O CIDADÃO JOSÉ PINHEIRO RESOLVEU COLOCAR ATRAÇÕES DE SEU PRÓPRIO GOSTO,ESSE SIM BRINCOU DE TODO PODEROSO COM O DINHEIRO DO POVO. SIMPLESMENTE FORA ESCOLHIDAS BANDAS DE SEU PRÓPRIO GOSTO E NÃO A GOSTO DO POVÃO.

    ABRAÇO.

  6. E VOÇÊS TODOS DEIXEM DE HIPOGRISIA, O GOSTO É DO POVÃO HORA MAIS!

  7. Parabens pela matéria, os argumentos usados são claros e não são apelativos. Acho saudável a comparação com o São João de Caruaru, no que tange à qualidade, visto que a sociedade mossoroense se acostumou, infelizmente, com as mesmas atrações. O texto serve para abrir a mente da nossa sociedade sobre o que é uma festa popular de qualidade.

  8. Excelente comparação, porém, se a prefeitura de mossoró tomasse tal atitude, teriam consequências péssimas para as festas posteriores de Mossoró. Dessa forma, não haveria 1º Ensaio do mix, Padre Fábio de Melo, Mossoró Mix, entre outras. “C É QUE ME ENTENDEM” ou é coicidencia essas festas serem confirmadas no mês de junho?

  9. Caro Erasmo, só p/ pontuar a discussão: quando em Olinda foi resolvido, não sei se através de lei específica, que apenas um pequeno percentual de músicas ‘estrangeiras’ (leia-se axé, forró, funk e outras)seriam permitidas nas ruas e rádios da cidade em época de carnaval, foi um ‘Deus nos acuda’. Alguns defendiam e outros criticavam tachando o Poder Público (legislativo e executivo)de autoritário, anti-democrático. Isso lá pelo início da década de 90.
    Hoje, Olinda e Recife despontam como um dos maiores e mais comprometidos carnavais do País. Comprometidos com a cultura, vale salientar. Não há falta nenhuma de outros ritmos que não sejam os da região. Tudo, graças à atitude ‘arbitrária’ de outrora.
    Para se educar e mostrar o que é bom a um filho, por vezes nos utilizamos da autoridade e experiência que temos como pais. O resultado compensa alguma eventual falta de um ‘deixa p/ lá, se é isso que ele quer, eu não vou interferir’. Agora, parece que pouca gente percebe que, em Mossoró, estamos passando, há mais de 20 anos, por uma ditadura da ‘baixaria musical’ empunhada por empresários e rádios locais, sob o argumento de que é isso que o povo quer. realmente, como já disse diversas vezes a muitos dos que defendem essa ‘ditadura’, o povo só pode querer isso, já que não tem acesso a coisa melhor. Ou você já viu alguém ligar p/ rádio e pedir uma música que ninguém conhece de uma banda que ninguém sabe que existe?
    E quando acaba o ‘papo’, por não compactuar com a ditadura, ainda sou chamado de radical. Pode, um negócio desse?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *