Todo mundo sabe que as TVs educativas e culturais são impedidas de veicular comerciais em suas programações, no entanto, poucos sabem a origem desta excrescência.

 As TVs educativas e culturais, assim como todas as outras, possuem elevados custos para funcionar, seja com equipamentos, técnicos, jornalistas, energia, etc. São TVs iguais a quaisquer outras, tendo como diferencial a veiculação de programas que formam positivamente o cidadão.

A proibição de exibir comerciais não encontra guarida em nenhum sustentáculo lógico, trata-se apenas de uma prática que teve início em 1967, num acordo espúrio entre os Associados, conglomerado de empresas pertencente à Assis Chateaubriand, e o governo paulista.

Na época, os Associados estavam afundados em dívidas e para saná-las vendiam, aos poucos, seus veículos de comunicação. Num desses negócios, os Associados venderam a TV Cultura, então pertencente ao grupo, ao governo de São Paulo. Para não prejudicar a TV Tupi, a maior rede dos Associados, o contrato de compra e venda trouxe uma cláusula totalmente absurda, proibindo a TV Cultura de exibir comerciais. Tal tipo de contrato, até então inédito, passou a ser usado como modelo noutros que foram celebrados posteriormente, sempre mantendo a cláusula de impedimento de veicular publicidade, mesmo sem ninguém saber ao certo por que. A cláusula virou lei e todos fiscalizam sua aplicação.

A origem desta proibição, revelada por Fernando Morais no livro Chatô – O Rei do Brasil, nos faz lembrar da célebre frase de Otto Von Bismarck: “Leis são como salsichas. É melhor não ver como são feitas”.