Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

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Durante entrevista concedida a este espaço e aos blogs de Carlos Escóssia, Thurbay Rodrigues e Evânio Araújo, na sexta-feira à tarde, o reitor da Ufersa, Josivan Barbosa, tratou de assuntos institucionais, administrativos e de política partidária.

 

1ª PARTE – INSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO.

 

Inicialmente, Josivan Barbosa comparou os governos de Fernando Henrique Cardoso e de Lula da Silva quanto aos investimentos no ensino superior:

 

“O Governo Fernando Henrique, em oito anos, fez investimentos insignificantes na área de educação. Foram oito anos de esquecimento da educação superior por parte do Governo Federal. E este sacrifício ficou acumulado. Isto fez com que o governo do presidente Lula fizesse exatamente o contrário”.

 

“No governo Lula foi implantado o REUNI (Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), um programa organizado de expansão. No Governo FHC não houve expansão nenhuma”.

 

Sobre a expansão da Ufersa, ele disse que a luta maior deve ser da bancada parlamentar do estado, sendo o reitor apenas um catalisador. Defendeu a instalação da Ufersa no médio e alto oeste, sobretudo porque o REUNI permite esta expansão para as regiões menos favorecidas com o ensino superior.

 

Perguntado sobre o que havia de concreto em relação à instalação de unidades em Apodi, Caraúbas e Pau dos Ferros, o reitor foi objetivo e sincero: “o que existe de concreto é muito pouco”. Disse mais:

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“(…) ainda não assinamos este acordo com o Ministério da Educação e não foi publicada nenhuma portaria neste sentido. O que nós conseguimos de maio até agora foi o compromisso do ministro Fernando Haddad para alocar os recursos para o Campus de Caraúbas após a aprovação da DRU, que é a desvinculação da receitas da União para a Educação, elevando em R$ 9 bilhões o orçamento da Educação até 2012. Ele condicionou a construção do Campus de Caraúbas a aprovação da DRU no Congresso”.

 

O reitor fala ainda da luta pela instalação da Ufersa em Pau dos Ferros:

 

“(…) neste segundo encontro, que foi no dia 26 de agosto, fomos lutar pelo Campus de Pau dos Ferros, aí o ministro condicionou também o Campus de Pau dos Ferros a aprovação da DRU e outro projeto de Lei que amplia o número de cargos de professores e técnicos das Universidades Federais no País. Até então, a oposição não se mostrava favorável em aprovar a criação destes cargos, devido à questão pré-eleitoral”.

 

De qualquer forma, o reitor acredita que até dezembro haverá uma definição em relação aos campi de Pau dos Ferros e Caraúbas:

 

“Acreditamos que podemos evoluir até dezembro para algo mais concreto. Eu tenho certeza que esta união pode resultar na construção dos dois campos, ou seja, Caraúbas e Pau dos Ferros. Entretanto, pode haver aí um retrocesso neste processo. Pode haver um atraso, mas não será do ponto de vista técnico. Esta questão está resolvida. Será do ponto de vista político.”  

  

Sobre Apodi, mencionada somente após instigação dos blogueiros, Josivan Barbosa insinuou que a luta tinha algo a ver com a campanha política em 2008.

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“Nós tivemos um retrocesso na luta pelo Campus de Apodi depois da campanha de 2008. Era uma luta bonita, unida em prol da educação. Apodi ainda não doou à Universidade Federal do Semi-Árido o terreno para a construção do seu Campus. Já temos aqui a escritura pública (31 hectares) do local em Caraúbas e também do local em Pau dos Ferros (10 hectares). São terrenos em áreas nobres, dentro da cidade, doadas pela iniciativa privada. Ou seja, além da classe política, também temos o envolvimento direito do cidadão. Estes municípios continuaram a luta, se articulando e naturalmente avançaram. Se A UFERSA não tiver uma área para construir o Campus, quando o Governo Federal liberar os recursos, ela não poderá licitar. Então, em Apodi, houve uma descontinuidade na luta e perdeu espaços”.

 

Sobre a adesão da Ufersa ao Sistema de Seleção Unificada, o Novo Enem, o reitor explicou suas motivações:

 

“O estudante carente, dentro desta nova proposta, vai ter mais condições de continuar na universidade após a sua entrada, porque o Governo dobrou o orçamento de assistência estudantil para as universidades que aderiram ao novo ENEM. A instituição que recebia R$ 600 mil passará a receber R$ 1,2 milhão”.   

 

Sobre o zoológico, o reitor informou que em breve ele deverá ser reaberto como centro de pesquisas para os acadêmicos, mas que a abertura ao público em geral dependeria de uma parceria com a administração municipal.

 

“Nós estaremos na próxima sexta-feira em reunião com o IBAMA, apresentando esta proposta. Logicamente que o zoológico precisa muito da ajuda da Prefeitura, por ser um equipamento para Mossoró. O zoológico não é um equipamento apenas para Universidade do Semi-Árido. Ele tem um custo elevado. Eu não posso gastar no zoológico mais do que invisto na vila acadêmica onde tem 400 alunos morando. A parceria com o município para fazer funcionar o zoológico seria uma ótima saída”.

 

2ª PARTE – POLÍTICA

 

No início da parte política da entrevista, o reitor já deixou claro e límpido que tem pretensões de exercer algum cargo eletivo, preferencialmente no executivo:

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“Olha, eu tenho este desejo. Lógico que tenho um mandato para cumprir na UFERSA e vou até o final. Mas a experiência de gestor público faz com que você até sinta o dever de aproveitar esta experiência de liberar recursos junto ao Governo Federal, negociar junto à bancada federal com novos projetos em benefício de nossa região”.

 

“Sim, eu acredito que posso dar uma contribuição ao crescimento do município. É uma questão que vamos analisar até o final do mandato na UFERSA”.

 

“Existe uma boa expectativa de que depois do mandato na UFERSA eu consiga exercer algum mandato eletivo. Eu acredito nisto aí, do mesmo jeito que acreditava no progresso da UFERSA que agora vocês estão testemunhando”.

 

Perguntado então se ele poderia ser um nome para disputar a sucessão da prefeita Fafá Rosado em 2012, ele não titubeou:

 

“Eu acredito, eu acredito, em Mossoró ou numa cidade pequena aqui vizinha. Agora, eu já estou aqui em Mossoró há quase 40 anos. Já tenho uma identidade com este povo e este povo já conhece a minha capacidade e empenho pelo bem comum”.

 

Num dos momentos mais contundentes da entrevista, Josivan Barbosa criticou o fato de o município ser há décadas controlado por um mesmo grupo político (uma família). Disse ainda que a administração municipal é falha quando se trata de conseguir recursos federais:

 

“A situação de Mossoró é atípica em termos de País. Em várias outras regiões do País esses grupos diminuíram. Em alguns, já foram até eliminados da seara política. Eu acho que Mossoró tem pecado na captação de recursos federais. Eu acho que logicamente com um orçamento de R$ 330 milhões de reais ela só pode sobreviver com sustentabilidade se captar pelo menos 25% deste valor no Governo Federal. E nós não temos percebido isto aqui em Mossoró. Não temos obras federais em Mossoró como deveria ter.

 

“Não podemos considerar aquela duplicação (Complexo Viário) como uma obra de Mossoró. É em Mossoró, mas não é de Mossoró. É uma obra de interligação de duas capitais, Natal e Fortaleza. É muito importante o investimento de R$ 60 milhões, mas não é uma obra essencialmente de Mossoró”.

 

Foi ainda mais específico:

 

Analisem os cinco anos do Governo Fafá e veja se tem algum projeto que tenha vindo R$ 10 milhões do governo Federal. Não se consegue. Veja esta duplicação da via de acesso às duas universidades Públicas, ao IFRN e ao Complexo Judiciário, que foi anunciado no início do Governo Fafá. É um recurso federal, R$ 6 ou R$ 8 milhões, e está aí, escura, cheia de problemas. Cadê a obra? Então é um sinal claro que nós precisamos de captação de mais recursos federais para Mossoró, para esta obra e para muitas outras. Ai eu acho, que neste sentido, precisamos de renovação no Governo Municipal”.

 

Sobre a bancada federal:

 

“Nós sabemos que os recursos se concentram em Natal. Nós tivemos aí, recentemente, emenda parlamentar da senadora (Rosalba) para Natal. É claro que concentra em Natal. Parece que o Governo Rosalba agora é em Natal”.

 

“Não tenho dúvidas de que a cidade precisa mudar. Porque esta renovação fará a administração municipal conseguir mais recursos federais. Está evidente que a cidade não tem recursos para investir. Lá em Brasília tem recursos demais, o que falta são bons projetos (…) Eu acredito que bons projetos você consegue aprovar nos Ministérios, porque o Governo Lula é um governo de muitos recursos”.

 

Entre tantas críticas à administração municipal e à bancada federal, o reitor reconheceu o trabalho do deputado federal Betinho Rosado (DEM-RN).

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“Os recursos do Parque da Ciência, que é uma emenda coordenada pelo deputado Betinho Rosado, vão trazer um benefício muito grande para Mossoró. É a maior verba federal que entra em Mossoró nos últimos dez anos. Mostre-me em Mossoró onde entrou R$ 18 milhões de uma só vez. Vai ficar na história. Faltou, sem dúvida, esta habilidade na administração de Fafá Rosado para fazer bons projetos e apresentar nos Ministérios”.

 

Por fim, o reitor lamenta a não existência de um Centro de Convenções em Mossoró, culpando, mais uma vez, a administração municipal:

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“Um grande atrativo para Mossoró é turismo de eventos. Porque temos muitas instituições universitárias. Poderiam ser realizados aqui dois ou três eventos neste sentido todo o mês. Atualmente, os maiores eventos são realizados em Natal. O Congresso Brasileiro de Infra-Estrutura, que vai atrair 3 mil pessoas, vai ser feito em Natal, mas poderia ter sido feito em Mossoró. O Centro de Convenções de Mossoró era para a Prefeitura ter investido R$ 2 milhões de reais, pelo menos. Num é infra-estrutura? Aí colocou 10% deste valor. Ora, em Fortaleza, está sendo construído um grande Centro de convenções, onde estão sendo investidos R$ 300 milhões da Prefeitura. E é pequeno para a capital cearense. Este tipo de investimento faz uma grande diferença no sentido de desenvolver. Então, eu acredito que Mossoró pode trazer bons projetos, mas precisa elaborar. O projeto do Centro de Convenções aqui ao lado da UFERSA foi elaborado a toque de caixa pelo Centro Comercial de Mossoró, contando com a colaboração de uma arquiteta que dispensou cobrar por seus serviços”.

 

NOTA: Em respeito ao entrevistado e aos leitores, os blogueiros que fizeram a entrevista decidiram mantê-la na íntegra, sem edição.

 

Por falta de espaço, publiquei os trechos que entendi mais interessantes, no entanto, sugiro que leiam a entrevista completa, publicada nos blogs de Carlos Escóssia e Thurbay Rodrigues e Evânio Araújo. Para ver imagens de bastidores da entrevista acessem o blog de Alex Polary.

 

OBS. As fotos foram tiradas pelo repórter Cezar Alves.

 

 

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4 respostas

  1. em frente mestre… reconhecimento é o que nao vai faltar! quem se lembra de educação, se lembra da liberdade de um povo!

  2. Josivan é uma oportunidade real de mudança no cenário político local. É honrado e tem compromisso com a educação. Vou ficar aguardando sua definição.

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