Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

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Abaixo, um brilhante artigo do juiz aposentado Assis Amorim em homenagem ao ex-vereador Paulo Lúcio, recentemente falecido.

 

PAULO MÁRIO BRASIL DE GÓES – (PAULO LÚCIO)
Por Assis Amorim


Somente quem o conheceu como eu pode traçar o seu perfil ímpar. Não o conhecendo bem, o desavisado correria o risco de se equivocar acerca de sua personalidade.
Aparentemente ranzinza, na realidade era um sujeito dócil, passível de esquecer os males que porventura lhe fizessem.
Filho amoroso, pai dedicadíssimo, marido exemplar… este era o verdadeiro perfil de PAULO LÚCIO.
Como todo Filho de Deus que se preza, não era de levar desaforo para casa: escreveu, não leu, o pau comeu! Assim era Paulo Lúcio.
Eu mesmo, em passado já bastante remoto, tive com ele um rápido entrevero, do qual resultou um pequeno bate-boca que nos levou a interrompermos a amizade que tínhamos há vários anos. Foi um período muito sofrido da minha vida. Sentia como poucos a dolorosa perda daquela amizade antiga de muitos anos.
Lázaro Paiva, Davi Leite e Fabiano Santos são algumas das testemunhas do nosso entrevero. À época, imaginava-se que jamais nos reconciliaríamos. Ledo engano.
Duma certa feita, no vai-e-vem da vida, na incessante luta pela sobrevivência, minha vida deu uma guinada de 180 graus: tive que mudar o rumo da minha existência, deixando, de uma hora para outra, os meus afazeres de projetista e construtor, nos quais até então minha vida se resumira, para tornar-me um julgador. Passara de projetista-construtor, para juiz que, diga-se de passagem, também tem a ver com o compasso e a régua.
Tão logo soube do meu sucesso, foi um dos primeiros a me parabenizar.
Foram demasiado tenebrosos aqueles pouco mais de dez anos de magistratura, sem procurá-lo para nos reaproximarmos, numa atitude de autodefesa contra suas eventuais investidas, sempre repletas da costumeira mordacidade.
Nosso amigo comum Anchieta Alves tentou, várias vezes, persuadir-me a me reconciliar com ele, comunicando-me que Paulo Lúcio estaria se movimentando juntos com amigos comuns, para me oferecer um almoço de congraçamento, a cuja homenagem renunciei, sob o argumento de que, tão logo viesse a aceitar a honraria, rapidamente sua mordacidade voltaria a fazê-lo reeditar contra mim suas críticas mais acerbas. É tanto que o almoço em causa ocorreu no Restaurante Travessia, do nosso amigo comum Flávio Gurgel da Frota, sem contar com sua presença.
Todavia, ao longo dos mais de 11 anos em que exerci a magistratura, sonhei com a aposentadoria (principalmente) para ir correndo ao seu encontro para dizer-lhe o quanto sonhei com aquele dia, sem outro objetivo senão o de nos reconciliarmos.
Dito e feito: no mesmo dia em que foi publicada no Diário Oficial do Estado minha aposentadoria, à noite fui ao Bar do Celis (de Batista), para estender-lhe a mão em definitivo ato de reconciliação.
De lá para cá, sua residência foi por mim frequentada, como se nossa amizade jamais tivesse sido interrompida.
Lá, sua extraordinária ÉDINA (mulher, companheira e mãe) nos recebia com excepcional lhaneza, afabilidade e doçura, sintetizadas na sua tradicional simplicidade, traduzidas nos deliciosos e inigualáveis pãeszinhos de queijo regados ao melhor café que se possa imaginar.
Pois bem, naquele lar de Amor e Paz, vivemos horas inesquecíveis de amizade e congraçamento.
Mas como tudo que é bom dura pouco, lá se foi nosso PAULO LÚCIO, para a outra e definitiva dimensão.
Mossoró perde com sua partida uma das pessoas mais exclusivas de nossa época que, apesar de incompreendido por uns, é tido pela esmagadora maioria dos que melhor o conheciam, como uma das personalidades mais marcantes da nossa querida Terra de Santa Luzia.
Que Deus o tenha, velho PAULO LÚCIO, no Paraíso Eterno, onde, um dia, voltaremos a nos encontrar, quem sabe, numa mesa de BURACO ou de PÔQUER.
Tenha a certeza de que os que como eu privaram de sua amizade, sabem que você é, de fato, insubstituível.
Adeus, velho amigo. Até um dia!

 

NOTA DO BLOG – Não conheci o senhor Paulo Lúcio, mas a se basear pelo meu amigo Paulo Lúcio Filho, tenho certeza que foi gente muito boa.

 

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5 respostas

  1. Erasmo, é muito bom comecar o dia lendo um texto bonito e sincero como esse do grande Assis Amorim homenageando o pai do nosso querido amigo Paulinho Brasil. Como é bonito ter amigos de verdade. Um abraco

  2. Erasmo, tal como você não tive a oportunidade de conhecer Paulo Lúcio, mas o convívio com Paulo Filho e informações de várias outras pessoas do seu círculo de amizades, não me resta dúvida do seu caráter e da sua dignidade como ser humano. Aproveito o espaço para abraçar fortemente meu amigo Paulo Filho e dizer que sentimos sua falta no nosso convívio.

  3. Ei tio,tive a oportunidade de conhecer o
    Paulo lúcio, gente finissima e de repentes extraordinário.

  4. Gostaria de agradecer às palavras de carinho dos meus amigos, principalmente de Erasmo que inseriu o post-homenagem e Marcos Aurélio, gente da melhor qualidade. Espero revê-los em breve, junto com Max, para driblarmos a tristeza. Obrigado pelas palavras de conforto, agradeço em nome de minha família também.

  5. Caro Erasmo,

    Conheci um pouco de Paulo Lúcio, mas as histórias que contam dele são hilariantes. Grande pessoa. Acho que daria um bom livro. O dr. Assis Amorim poderia se aventurar nessa verve. Inteligência ele tem de sobra. Falar nisso, não deixe de convidá-lo para o Copão. Seria um ótimo integrante.

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