Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

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“A verdadeira felicidade está nas pequenas coisas: uma pequena fortuna, um pequeno iate, uma pequena mansão, etc”. Assim ela começou o assunto, desejosa em ferir-lhe os brios.   

Coisa mais previsível que briga matrimonial não existe. Elas ocorrem, dia após dia, em razão de similares e repetitivos motivos, o que me faz pensar que brigar deve ser bom ou esconder algo de produtivo. Senão, como explicar a cíclica tomada de atitudes que, certamente, resultarão num “arranca-rabo”? Sair do carro novo dele e bater a porta com toda a força parece ou não uma provocação? Perceber que as cervejas ficaram no freezer, mas deixá-las lá até congelarem é um ato civilizado? Esconder o controle remoto da TV e do aparelho de som e, quando interpelada, fazer cara de desligada, balançar os ombros, sair andando e ainda por cima perguntar: “Não está no teu bolso?”.

Isto ocorre ou não? Claro que ocorre e se repete em dimensão inaceitável. É pura provocação, mesmo! Os psicólogos talvez diagnosticariam estas como sendo manifestações do inconsciente ao que eu, por todos, exclamo: “Eita inconscientezinho danado e de costas largas!”.

Tá certo que por vezes dá vontade de provocar, pois o panaca do marido não acha nada dentro de casa. Perde o chinelo, as meias e a chave do carro, escancarando toda sua dependência. Mas, por favor, tenham piedade. Quando ele não conseguir consertar algo dentro de casa, não precisa ir à forra dizendo, em alto e bom tom: “Pois é, temos que chamar um homem para dar um jeito nisto”. Acreditem, isto fere os brios de qualquer um e, no mínimo, acumula pontos para a próxima e inevitável briga.

Por paridade, se faz necessário destacar que os homens não ficam para trás nesta história de provocar. Não sendo por desafio, como explicar a pergunta: “Amor, o que são esses risquinhos no canto do teu olho?”. O que dizer do repetitivo gesto de largar a toalha molhada em cima da cama? Ou ainda, como explicar o irritante costume de deixar o tubo de pasta aberto junto com a escova em cima da pia?

Mas, como dizem, depois da tempestade, inevitavelmente, vem o levantamento dos prejuízos. E, de balancete em balancete, o negócio vai andando aos trancos e barrancos. Assim vamos sobrevivendo e por vezes tolerando-nos. Mas, cá entre nós, que poderia ser muito melhor, bem que poderia.

OBS. Texto do articulista e médico Marcelo Drescher.

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Uma resposta

  1. Caro tio……….

    Gostaria de saber pq vc num posta mais sobre Governador Dix-Sept Rosado. Já q para mim se tratava de um um jornal diario ( o tio colorau), e que eu saiba assuntos não falta em Governador como o da admininstração da cidade.

    obrigada!

    um abraço de uma admiradora deste espaço!

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