Hoje, o programa “Por Toda a Minha Vida” será dedicado ao cantor Raul Seixas, o Maluco Beleza. Como fá incondicional do cantor, tenho certeza de que tudo que será dito eu já sei. Outro que também sabe “só tudo” do cantor é o juiz Armando Ponte, que, inclusive, deu ao filho o nome de Raul.
A obra de Raul Seixas não é para ser apenas ouvida, mas estudada. Esse baiano, que morreu aos 44 anos (em 1989), trouxe verdadeiras teses filosóficas em suas canções. Antes dele, o rock brasileiro era apenas ritmo, com letras bobas (Splish, Splah, fez o beijo que eu dei; Tomo um banho de lua…; Era um biquíni de bolinha amarelinha…; entre outras que agitava a galera, mas não dizia nada.
Raul Seixas mudou este quadro em 1973, quando lançou o disco Krig-Ha Bandolo!, trazendo músicas como Metamorfose Ambulante, Ouro de Tolo, Al Capone e Mosca na Sopa.
Todos os discos do início da carreira foram feitos em parceria com o escritor Paulo Coelho, hoje um dos mais lidos do mundo. Os dois se conheceram numa praça, enquanto avistavam um disco voador (pelo menos é isso que os dois sempre disseram).
Raul Seixas é dono de frases filosóficas, como:
“Faze o que tu queres, há de ser tudo da Lei”;
“Deus é o que me falta para eu compreender o que eu não compreendo”;
“Prefiro ser esta metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”;
“Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”;
Entre centenas de outras.
Quanto ao programa “Por Toda Minha Vida”, a grande dúvida é saber se a produção conseguiu algum depoimento do escritor Paulo Coelho, o qual se nega constantemente a falar de sua parceria com Raul Seixas.
Se você não conhece a vida e obra de Raul Seixas, assista ao programa, tenho certeza que você se tornará fã do cara e então passará a devorar os 22 discos do Maluco Beleza.
OBS. O estilo único de Raul Seixas impede qualquer comparação com outros cantores brasileiros. Cazuza e Renato Russo, por exemplo, eram poetas que cantavam o amor, os relacionamentos, as rebeldias juvenis etc., ou seja, era outro estilo. Talvez o mais próximo seja Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii), que também costuma sair com frases fortes:
“Você, que tem idéias tão modernas, é o mesmo homem que vivia nas cavernas”;
“Duas pessoas são duas verdades e, na verdade, são dois mundos”.
2 respostas
Comparar o homem das cavernas com o que chegou à lua é desconhecer o sentido da evolução de plantas e animais.
É difícil encontrar palavras para descrever Raul Seixas. Até a banda Pedra Letícia, aquela que não tocava Raul, começou a tocar…