Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

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 Os problemas urbanos que Mossoró vem passando estão intimamente atrelados à falta de uma política voltada a pensar a cidade de forma sistemática. O problema dos alagamentos nos períodos chuvosos é um exemplo.

Basta chover com maior intensidade que as principais ruas da cidade (José Damião, João Marcelino, Frei Miguelinho, João da Escóssia, Duodécimo Rosado, algumas ruas no bairro Santo Antônio, Paredões, Belo Horizonte e Ilha de Santa Luzia) ficam lotadas de água e de difícil acesso.

Parte do problema dos alagamentos se dá em função do crescimento da cidade que, ao longo do tempo, vem perdendo áreas verdes ou livres para a expansão imobiliária. Com isso não quero dizer que o setor imobiliário não pode crescer, quero dizer que a prefeitura municipal de Mossoró não faz cumprir o planejamento urbano, estabelecido no plano diretor, de forma adequado a essa expansão imobiliária.

Bairros como Nova Betânia, que tem suas águas drenadas quase que totalmente em direção à Lagoa do Bispo, nos últimos anos vem passando por um intenso processo de ocupação e pavimentação de suas ruas.

Com isso as águas que se infiltravam nas ruas e terrenos, ainda sem pavimentação, seguem em busca dos locais mais baixos e, sobretudo, da lagoa. Sendo assim, a administração pública de Mossoró tem que tirar a venda dos olhos e passar a investir num planejamento com foco na melhoria da drenagem urbana.

 Atualmente todo o processo de drenagens de águas pluviais é feita através de pequenas galerias que servem, também, de esgotos. De um modo geral, as águas pluviais seguem seu caminho pelas sarjetas, ou seja, cantos de ruas, que em muitos casos estão obstruídas por edificações feitas pelos moradores e, também, pelo poder público.

Pensar uma Mossoró no futuro sem alagamentos é pensar uma cidade onde o urbano seja planejado, levando em consideração os períodos sazonais de chuvas torrenciais e a preservação de espaços verdes e áreas livres, destinadas ao aumento de infiltração das águas pluviais.

Não adianta ter um plano diretor que preconize tudo que escrevi acima e uma administração municipal que não saiba planejar. O futuro de qualquer cidade depende, única e exclusivamente, do modelo administrativo imposto. E Mossoró, que pena, não está inserida nos exemplos positivos de administração.

Texto de Gutemberg Dias, geógrafo e presidente municipal do PCdoB

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