O Natal de Papai Noel e não do menino Jesus

 Daqui a alguns dias o mundo ocidental comemorará o nascimento do filho de Deus, Jesus de Nazaré, o ser humano que conseguiu sobreviver a mais de 2000 anos de história, passando por todas as mudanças que os povos do mundo já vivenciaram.

Cresci numa família católica onde o Natal era comemorado com a presença de todos nas igrejas cultuando a imagem do menino-Deus e louvando aos céus o nascimento daquele que seria o salvador do mundo. Quantas vezes acompanhei minha avó paterna à Catedral de Santana, em Caicó, para assistir a missa natalina.

Dessas lembranças quase trinta anos já se passaram e o que vejo e sinto nesse mundo mercantilizado é a substituição da figura divina de Jesus Cristo pela áurea do ganho material, leia-se presentes, impulsionado pela indústria e pela figura do bom velhinho, o pai de todos os brinquedos, Papai Noel.

É incrível como a indústria do marketing conseguiu desvirtuar uma data tão ligada ao sagrado e transformá-la numa data estritamente comercial.

Para comprovar o que digo basta assistir as propagandas televisivas que

tratam do Natal, a única figura que aparece é a do bom velhinho que se

transformou em garoto propaganda de grandes redes varejistas, apresentando comerciais exaltando esse ou aquele presente e imbuindo nas crianças o desejo de que Papai Noel o traga na noite de Natal.

Nesse período as ruas ficam repletas de imagens de Papai Noel e de

placas alusivas a descontos promocionais para aqueles que queiram

comprar as lembrancinhas natalinas. Passear com uma criança pelas ruas ou nos shopping centers pode se transformar numa odisséia devido tantas novidades que se apresentam aos olhos dos pequeninos. Até os adultos ficam alucinados.

É o espírito natalino!

Como disse sou nascido no seio de uma família católica, mesmo não sendo um fiel praticante dessa doutrina, tenho minha crença na vida de Jesus e na sua veia revolucionária, haja vista que sua história conta que ele não concordava com a mercantilização da fé, exatamente o que assistimos atualmente sem qualquer pudor por parte da indústria de brinquedos com auxílio imensurável das técnicas de marketing e da televisão.

Escrevo esse artigo não para falar contra o comércio ou a indústria que

sobrevive do Natal, mas para lembrar a todos aqueles que acreditam nessa data, como sendo o nascimento de Jesus Cristo, que o momento é para reflexão e meditação sobre a nossa real existência nesse mundo, bem como, o momento de vivermos em comunhão como irmãos lutando por um mundo digno para todos os povos.

O Natal do Cristo também tem lugar para o Natal do Papai Noel, basta

resgatarmos a imagem do dono da festa e cantar os parabéns lhe dando de presente a valorização que há muito tempo vem sendo solapada pelo mundo capitalista que mercantiliza sua data, fazendo com que esqueçamos o lado imaterial do espírito natalino.

Por isso se faz necessário lembrar aos que acreditam em Papai Noel que

abram espaço, também, para o Cristo e o recoloque no seio de suas comemorações natalinas buscando o sentimento de renovação exemplificado no nascimento do filho de Deus.

Feliz Natal a todas e a todos os filhos desse grande planeta!

Gutemberg Dias é formado em geografia e presidente do Comitê Munipal do PCdoB de Mossoró/RN.