Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

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Meus caros. Hoje me veio uma indagação no pensamento, que merece ser repetida enquanto não for encontrada uma solução: porque os nossos políticos, jornalistas, radialistas, professores, blogueiros, escritores, artistas, ou seja, todos os formadores de opinião do nosso estado não ensinam, comentam, defendem ou divulgam a nossa primazia, repito, nossa primazia na produção de SAL Marinho? Pois é o nosso SAL, o nosso bom e velho SAL. Tecnicamente falando: Cloreto de Sódio. Mas como estava comentando, se divulgam o fazem de maneira tímida e equivocada, se ensinam o fazem de forma incompleta, se comentam o fazem quase cochichando, se o defendem não fazem como deveria. Por quê? O que impede os nossos formadores de opinião e tomadores de decisão de enaltecer, divulgar, cantar em verso e prosa a hegemonia do Rio Grande do Norte em produzir e beneficiar o SAL?

Precisamos responder essas perguntas, para podermos alcançar o reconhecimento externo a nossa superioridade produtiva dessa atividade econômica secular. Talvez os holandeses do século XVII fossem mais bem informados sobre nossa riqueza salina que nossos contemporâneos locais, pois aqui aportaram e tentaram conquistar por conta desse nosso diferencial em produzir SAL, nada mais a eles interessava nessa terra, pois nossa outra grande riqueza o petróleo ainda estava adormecida sob as lajes calcárias do nosso ressequido solo e só a evolução tecnológica e necessidade energética dos séculos seguintes viriam explorá-la.

Nenhum outro estado da federação detém um controle tão absoluto de produção e beneficiamento de um produto, seja de origem animal, vegetal ou mineral quanto o Rio Grande do Norte tem com o Cloreto de Sódio, mais de noventa por cento (90,0%) da produção brasileira de sal está em nosso estado. E o que sabe nosso povo sobre isso? Nossos alunos? Nossos universitários? Nossos artistas? Nossos políticos? Com certeza bem menos que os holandeses do século XVII.

Temos outras riquezas? Sim de fato as temos, mas todas são comuns a outras regiões do país em proporções distantes de ser uma hegemonia de produção. Da mesma maneira que os outros estados também possuem atividades econômicas em destaque, mas muito longe de ter a mesma concentração produtiva do SAL no Rio Grande do Norte.

Existe um consenso em uma afirmação que hoje não me recordo à autoria que diz: “pode se medir o grau de desenvolvimento de uma nação pela quantidade de sal que ela utiliza…”. Quem pode duvidar ou confirmar essa afirmação? Para confirma-la, apresentarei um dado de consumo e produção de duas nações: Estados Unidos e China. O primeiro liderou a produção e consumo de sal durante os últimos 80 anos, foi ultrapassado pela China em 2007, que hoje lidera a produção e o consumo de Cloreto de Sódio. Ambos dispensam apresentações, mas, vale lembrar que os americanos ocupam a muitos anos o posto de maior economia industrial do planeta. A China por sua vez alcançou a colocação de segunda maior economia mundial em 2010. A produção individual de ambos ultrapassa 45 milhões de toneladas/ano. Os dois juntos representam mais de 40,0% da produção e consumo mundial de SAL.

Voltando a nossa realidade, e já que falamos em números, o Rio Grande do Norte produz aproximadamente 5,5 milhões de toneladas por ano de SAL marinho. Essa produção coloca o Brasil como oitavo (8º) produtor/consumidor de SAL mundial, assim ratificando a afirmativa citada anteriormente, encontramos o Brasil entre as dez maiores economias do planeta.

Espero ter apresentado informações suficientes para iniciarmos uma mudança de conceitos em reconhecimento a nossa riqueza maior, para juntos divulgar, ensinar, defender o SAL do Rio Grande do Norte e todos aqueles que direta ou indiretamente são responsáveis por sua produção.

Mossoró/RN, 05 de janeiro de 2011

Antonio Veras – Professor, historiador e industriário.

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3 respostas

  1. Antonio, parabéns pelo belo texto, que foi sucinto e com muitas informações…acho que está nascendo um novo blogueiro em Mossoró!

  2. Caro Tio Colorau, lúcido, instigante e pertinente o artigo do Sr. ANTONIO VERAS, mais ainda em virtude da nossa reconhecida alienação cultural e política acerca da nossa história, das nossas riquezas – em especial dos nossos recursos minerais – recursos esses, que, objeto de um real planejamento estratégico e utilização econômica e política, sabidamente poderia ser o suporte e alavanca necessárias prá nossa redenção econômica, política e cultural.

    Nesse mister ,estou enviando um interessante artigo que “pesquei’ NA INTERNET, caso Vossa Senhoria houver pertinente… publicá-lo-á no todo e (ou) as partes que sejam mais harmônicas com o texto do Sr. ANTONIO VERAS.

    UM ABRAÇO

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

  3. Caro Tio Colorau, lúcido, instigante e pertinente o artigo do Sr. ANTONIO VERAS, mais ainda em virtude da nossa reconhecida alienação cultural e política acerca da nossa história, das nossas riquezas – em especial dos nossos recursos minerais – recursos esses, que, objeto de um real planejamento estratégico e utilização econômica e política, sabidamente poderia ser o suporte e alavanca necessárias prá nossa redenção econômica, política e cultural.

    Nesse mister ,estou enviando um interessante artigo que “pesquei’ NA INTERNET, caso Vossa Senhoria houver pertinente… publicá-lo-á no todo e (ou) as partes que sejam mais harmônicas com o texto do Sr. ANTONIO VERAS.

    UM ABRAÇO

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.
    BREVE HISTÓRIA DO SAL E A SUA IMPORTÂNCIA NO INCONSCIENTE COLETIVO DA HUMANIDADE

    “O sal nasceu com a vida”: a constituição das camadas geológicas subterrâneas do nosso planeta mostra que o sal apareceu nos depósitos mais recentes da crosta da Terra, tornando-se mais abundante à medida que a vida se organizava. Seu uso vem de tempos remotíssimos, sendo mencionado nos documentos mais antigos da humanidade. Sua importância perante os primeiros povos lhe deu lugar nos sacrifícios religiosos e também fez dele um símbolo de união e hospitalidade. Para transportá-lo das fontes de extração para os lugares afastados abriam-se estradas especiais: pela Via Salária, faziam os albinos vir o sal que consumiam. Nos primeiros tempos da civilização, quando não havia a moeda como instrumento de valor e troca, usava-se a pitada de sal como expressão de valor. Na África e Ásia, usavam sal de rocha ou sal-gema. Seu valor era tão grande que era com ele que se pagavam os soldados romanos, remunerados com o “soldo”, isto é, o sal, na época uma comodidade rara e difícil de conseguir, de onde vem a palavra “salário” e também a própria palavra “soldado”, usadas até hoje.
    Definição comum do cloreto de sódio, o sal é um corpo produzido pela substituição total ou parcial do hidrogênio ácido por um metal ou por um radical básico. Nossos corpos precisam dele. A Organização Mundial de Saúde (WHO-OMS) recomenda uma dose diária de até 5,5 gramas de sal, o equivalente a uma colher de chá, nunca mais do que isso. O homem pré-histórico obtinha a sua dose graças à carne crua de suas caças. Foi a passagem para a agricultura e para uma alimentação à base de grãos que introduziu a necessidade de um complemento. O sal teve grande impacto também na história das civilizações: graças ao seu poder de conservar os alimentos, ele facilitou a sobrevivência e a mobilidade das populações. Desde a antiguidade, pescadores já sabiam salgar o peixe para armazená-lo, tornando-o acessível longe do mar e durante o ano inteiro.

    Nos rituais – O sal está presente em rituais religiosos de diversas épocas e civilizações. Foi usado por gregos, romanos, asiáticos e árabes. Mas talvez nenhuma tradição lhe tenha dado tanto destaque quanto a judaico-cristã. O Antigo Testamento menciona o sal com frequência, ora no contexto da vida prática, ora simbolicamente. Sal significa, por exemplo, pureza e fidelidade. Mas é no Novo Testamento que a menção ao sal torna-se metafórica, quando Jesus diz: “Vós sois o sal da terra”.

    No Batismo – Até o início da industrialização e em diferentes civilizações, o sal na mesa significou prestígio, orgulho, segurança e amizade. A expressão romana para exprimir a infidelidade a uma amizade era: “Trair a promessa e o sal”. Desde aqueles tempos, a ausência de um saleiro sobre a mesa representava um certo presságio, tanto quanto o sal derramado. Ao pintar sua famosa “Santa Ceia”, Leonardo da Vinci tratou de colocar diante de Judas um saleiro derramado…

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    Lutero aboliu o sal do ritual de Batismo na religião protestante, no século 16, mas o seu uso perdurou no batizado católico até 1973, simbolizando a expulsão do mal e como um sinal de sabedoria sobre o recém-nascido. Ainda hoje, as batatas e ovos cozidos servidos no Pessach, a Páscoa judaica, são regados com água salgada que simboliza as lágrimas derramadas pelos judeus na travessia do deserto, durante a fuga do Egito.

    Nas crendices populares e superstições – Daí ao folclore e às lendas populares, foi um pulo: o sal acabou por se tornar um ingrediente obrigatório para afastar demônios e feitiçarias… No Brasil, o tal “banho de sal grosso” pode ser uma expressão para designar proteção contra a inveja e o “mau-olhado”. Recipientes com sal e uma cabeça de alho podem ser vistos com frequência não apenas nas casas, mas também no comércio, escritórios, etc…

    Segue uma explicação do século 16 para os poderes anti-diabólicos do sal:

    “…ele é a marca da eternidade e da pureza, porque jamais apodrece ou se corrompe. E tudo o que o diabo procura é a corrupção e a dissolução das criaturas, tanto quanto Deus doa a criação. Daí a obrigação, pela lei de Deus, de colocar sal na mesa do santuário…”

    De um demonólogo francês anônimo

    Diversos povos da antiguidade atribuíram ao sal poderes afrodisíacos e alguns acreditavam que a sua carência reduziria a potência sexual e/ou a fertilidade masculina. Uma gravura satírica francesa do século 16 mostra mulheres de diversas classes sociais numa atividade insólita: debruçadas sobre maridos sem calças, que esperneiam, aprisionados em barris, enquanto elas esfregam com sal, vigorosamente, suas partes íntimas. Auh!..

    Até hoje é grande o número de lendas e crenças em torno do sal. Algumas delas:

    § O saleiro passado de mão em mão a outra pessoa da mesa traz má sorte. Algumas pessoas nunca entregam o saleiro, mesmo que você pedir. Elas o colocam de volta na mesa, e quem quiser que pegue. No Brasil, os mais supersticiosos recomendam que o sal nem seja levantado da superfície da mesa. Então, usa-se um recipiente grande e você se serve com um colherinha. Nos Estados Unidos, existe o ditado “passe-me sal, passe-me sofrimento”;

    § Jogar sal afugenta os vampiros;
    § Usar um saquinho de sal pendurado no pescoço afasta os maus espíritos;
    § Derrubar sal traz má sorte, a menos que se jogue uma pitada por cima do ombro direito;

    § Para afastar maus espíritos, joga-se sal por cima do ombro esquerdo;
    § Cada grão de sal derrubado equivale a uma lágrima. Para evitá-las, leva-se imediatamente o sal derrubado para uma panela no fogo. Isso bastará para secar as lágrimas;
    § Emprestar ou pedir emprestado o sal (ou pimenta) destrói a amizade. É melhor oferecê-los e aceitá-los como um presente;
    § No oriente médio acredita-se que quando duas pessoas comem sal juntas, formam um vínculo. Por isso, usa-se sal para selar um contrato;
    § No Havaí, a pessoa que volta de um funeral polvilha sal sobre si mesma, para garantir que os maus espíritos que por acaso rondassem o defunto não a acompanhem em casa;
    § No Japão, espalha-se sal no palco antes de uma apresentação de teatro, para evitar que maus espíritos joguem pragas sobre os atores;
    § Em muitos países espalha-se sal na ombreira da porta de uma casa nova, para impedir a entrada de maus espíritos.
    Bem, essas histórias até que são divertidas, pelo menos até que se comece a acreditar que são algo mais do que bobagens…
    O sal e os seus efeitos na saúde
    O sal é uma combinação de dois elementos químicos: o sódio e o cloro. O sódio é um metal tão instável que se inflama em contato com a água, e o cloro é um gás letal.

    O resultado da combinação entre os dois elementos resulta no cloreto de sódio. O problema para a saúde está no sódio e não no cloreto. O sódio retém líquidos no organismo, elevando a pressão arterial, e facilitando assim, a deposição de gorduras nas artérias, que se dilatam. Isso pode levar ao infarto e há, assim, o risco de um acidente vascular cerebral. O consumo excessivo de sal pode também afetar os rins e piorar os sintomas da tensão pré-menstrual.
    O processo no corpo é o seguinte: ao comermos muito sal, os níveis de sódio ficam altos no sangue. Aí, há a liberação de alguns hormônios, resultando na retenção de líquidos. Esta retenção pode aumentar o volume de sangue circulante e sobrecarregar o coração, elevando a pressão arterial. Os idosos devem ter mais cuidado. Com o passar dos anos, o organismo diminui a capacidade de eliminação de sódio, aumentando as chances de infarto e derrame.

    Para controlar a pressão arterial, além de regular o sal, coma alimentos com fibras e ricos em cálcio e diminua a gordura animal saturada. O sal hipossódico, que agora é moda, não é uma boa opção. Por ter sabor amargo, o usamos em maior quantidade, o que acaba tendo o mesmo resultado do sal tradicional.

    A estimativa é que cada brasileiro consome 10 gramas de sal por dia, enquanto que o ideal seriam 5 gramas e o limite máximo do saudável 6 gramas. – Cada grama de sal de cozinha equivale à quatrocentos miligramas de sódio, o que nos dá um limite de dois mil e quatrocentos miligramas de sódio por dia. Mas o sal que adicionamos à comida no dia a dia não é o único culpado por essa dose de exagero. É importante ressaltar que o sal está presente em quase todos os alimentos que consumimos, sejam salgados ou não. Produtos industrializados, que comemos diariamente, como pães, queijos, cereais, bolachas e enlatados, têm sal nas fórmulas. Chocolates, achocolatados matinais, compotas de frutas, sorvete de baunilha, balas e bolos também têm sal. Leia o rótulo destes produtos e verifique a quantidade.

    Na indústria da alimentação o sal é utilizado porque enriquece o sabor dos alimentos. Nos doces ele quebra levemente o gosto do açúcar. E é também um mineral com alto poder de conservação nas carnes e embutidos. – Agora que você já sabe que o sal está até nos doces, fique alerta na quantidade consumida. E, para prevenir doenças como hipertensão, o cuidado vai além de pegar leve na hora do tempero.

    O sal de mesa tem 40% de sódio. O consumo excessivo de sal pode causar o aumento da pressão sangüínea e levar à hipertensão, responsável pelo infarto. Se a hipertensão não for controlada, podemos apresentar problemas como insuficiência renal crônica e insuficiência cardíaca congestiva. O sal que está nos embutidos pode colaborar com o tumor de estômago. O ideal seria que os hipertensos nunca ingerissem mais que dois gramas de sal por dia. Mas deixar de salgar a comida é uma medida extrema, pois o sal, consumido com moderação, é essencial para um mecanismo conhecido como bomba sódio-potássio, que regula a pressão sangüínea.

    Uma boa dica é controlar o sal dos temperos, substituindo-o por salsinha, cebolinha, alho, cebola, louro e todas as ervas aromáticas, além do limão, temperos que além de perfumar o alimento, dão sabor e ainda fornecem ao nosso organismo antioxidantes, que previnem doenças e desaceleram o envelhecimento. Tente também não colocar sal na comida antes de experimentá-la. E prefira alimentos naturais, como verduras e frutas, que têm menos de 10 miligramas de sódio por porção.

    Há dois tipos básicos de sal: o de rocha e o marinho. O sal de rocha é extraído de minas subterrâneas que foram formadas por lagos e mares que secaram há muitos anos. O sal marinho vem da evaporação da água do mar. Mas na prateleira do supermercado você vai encontrar muitas variações de sal. A maior oferta é a do sal refinado, chamado também sal de mesa ou de cozinha. É o mais usado no preparo de alimentos. De acordo com as leis brasileiras, para se evitar o bócio o sal de cozinha deve ter iodo. Procure esta recomendação na embalagem. Já na cozinha macrobiótica, o gersal e o sal marinho são muito utilizados. O gersal é um sal misturado com sementes de gergelim. O sal marinho muitas vezes é moído na hora.

    Se você segue uma dieta de pouco sal, a melhor alternativa é o sal marinho, que por ser menos refinado tem o poder se salgar mais. Assim, com uma menor quantidade de sal, se consegue o sabor adequado. Já o “sal light” deve ter indicação médica para ser consumido, principalmente se você tiver problemas cardiovasculares. O sal grosso é o usado nos churrascos. Ele é consumido na forma que vem da extração, sem ser refinado, mas não contém iodo. Com granulação mais grossa, o “sal kosher” é extraído de mina ou do mar, mas precisa da supervisão de rabinos.

    Mais difíceis de encontrar são o sal defumado, o de Guérande e o sal de aipo. O defumado tem sabor e aroma diferenciados. O Guérande, extraído na cidade francesa que dá o nome, é considerado o melhor do mundo. O de aipo é aquele sal tradicional de mesa misturado a grãos de aipo secos e moídos.

    Fontes: Dra. Shirley de Campos – Medicina Avançada.Com;
    Norsal.Com;
    Saúde.Sapo;
    Dieta Adequada.Com.

    Texto “O sal e os seus efeitos na saúde” produzido por Michelle Tomé, Jornalista. – Fonte: Dra. Waldinez S. Nogueira – Nutricionista

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