Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

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Cangaco211

Vale a pena ler o texto “Retorno ao Tempo”, escrito pelo vereador Lairinho Rosado e publicado na última edição dominical d’O Mossoroense. Leiam:

Dias atrás escrevi aqui com o título “O Tempo”. Coincidentemente, no dia em que circulou O Mossoroense com o texto, a revista Veja trazia como matéria de capa uma reportagem falando da luta das pessoas para viverem mais tempo. Esta semana tive o prazer de assistir “Meia Noite em Paris”, que versa sobre o tempo.

Sou nostálgico, nunca nego isso. Digo sempre, aliás, que se me fosse dado a possibilidade de viajar no tempo, não iria querer saber do futuro, mas sim do passado. Visitaria desde o sertão dos tempos do cangaço até os castelos medievais da idade média. Tomaria uma bela dose de uísque com Vinícius de Moraes, Chico Buarque e Tim Maia. Gostaria de viver a luta contra a ditadura, facismo e nazismo. Se vivesse por 100 anos, não veria todo o passado que gostaria de visitar.

No primeiro texto citei que sempre dizemos “aquele tempo que era bom”, quando na verdade o que sentimos falta é do que nós mesmos fomos um dia. Nunca mais o seremos. O que vivi cinco, dez ou quinze anos atrás não se repetirá da mesma forma, mesmo que repita o local e companhias. Nós mudamos. Uma coisa quase generalizada: nós nunca estamos satisfeitos. Estamos sempre buscando mais. Amor, dinheiro, férias, Deus… Sempre queremos mais. O presente é frustrante, mesmo em momentos de alegria. Lá na frente vamos olhar e dizer que “aquela” alegria é que foi boa.

Em “Meia Noite em Paris”, novo filme de Woody Allen, percebi que não sou o único que gostaria de viver no passado. Gil, protagonista do enredo, interpretado por Owen Wilson, apesar de ser bem sucedido financeiramente e ser noivo de uma bela mulher, quer mesmo é viver o passado. Pensando em voz alta que gostaria de viver na Paris dos anos 20 do século passado, ouve uma sentença condenatória da noiva, algo como “você não quer viver um grande amor, mas uma fantasia”.

Para pessoas que, como eu, amam o passado, amam viajar, nada melhor do que ver Gil encontrando Ernest Hemingway, Pablo Picasso, T. S. Eliot, Zelda Fitzgerald, Paul Gauguin, Salvador Dalí, Gertrude Stein, Cole Porter, Toulouse-Lautrec, e muitos outros, debatendo, discutindo arte e filosofia, ou simplesmente se divertindo, em uma Paris efervescente do início do século passado.

O personagem central vive em 2010, mas “viaja” para os anos 20 em busca da Paris cheia de pintores, cantores, escritores, cabarés, filósofos. Fica extasiado. De lá ainda consegue chegar à década de 1890, quando ouve um Gauguin nostálgico dizer que a “era de ouro” criativa havia sido a Renascença.

Ao sair do cinema, não pude deixar de ouvir dois casais conversando. Odiaram o filme. Talvez pela idade (ou a falta dela), que ainda não os fez sentir falta do passado.

Temos que aproveitar a vida, tal qual disse Horácio, “carpe diem”, aproveite cada momento que a vida lhe dá. “Gather ye rosebuds while ye may”, colha seus botões de rosa enquanto podes. Mas é fato que o que seremos amanhã é fruto do que vivemos ontem e estamos vivendo hoje. Precisamos, pois, nos inspirarmos no passado, viver o presente, pensando no futuro?

NOTA DO TIO – Assim como o autor do texto, eu também optaria por viajar para o passado. Ver a entrada de Lampião em nossa cidade, os debates entre Girondinos e Jacobinos na Revolução Francesa, a chegada de Pedro Álvares ao Brasil etc. Quem dera eu poder viver tudo isso e muito mais. Quem dera eu ser um Marty McFly,

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6 respostas

  1. Pensei que ele fosse ser nostálgico ao ponto de lembrar de quando a mãe dele era prefeita…

    jejejejejejejejejejejejejejeje

  2. O perfil do blog está totalmente mudado. Bem vinda ao mundo maravilhoso do Colunismo Social.

  3. Já que o Tio agora faz colunismo social, nada como ter auxiliares enviando contos de fadas para ilustrar a coluna. A propósito, o autor chorou ao escrever isso? De uma coisa todos sabem. Ele conhece Paris muito bem. eheheheheheheheh

  4. Interessante! Eu sempre pensei comigo mesmo: como seria maravilhoso se eu estivesse na praia, com os índios, em 1500, assistindo às Caravelas de Cabral chegando no local que hoje é a Bahia. Como eu desejaria estar presente em 1808, quando D. João VI chegou aqui no Brasil, fugindo do “furacão”, Napoleão. E muitos outros fatos do Brasil desde que Pedro Álvares Cabral aqui chegou. Eu sempre fico a imaginar: como era o sotaque do Português falado por aqueles navegantes? Infelizmente, nada disso é possível, mas nunca deixei de imaginar..

  5. É um bom filme, sem dúvida. E a idéia é atraente. O passado precisa ser registrado e estudado. Ajuda a entender o presente e a construir expectativas sobre o futuro. Como cidadão, no entanto, fico satisfeito com políticos que se preocupem mais com o presente e com o futuro (da coletividade, claro) , deixando o passado para os historiadores. Não digo que não seja o caso do vereador Lahyre, mas, sem dúvida, é uma característica ausente na classe política em geral, essa preocupação com o presente e com o futuro, principalmente.

  6. Eu queria ver se dona Francisca da Silva, lá da favela do fio, com um marido alcoolatra que espanca ela todo dia e dois filhos viciados em crack que vendem tudo em casa pra manter o vício, tem tempo pra pensar em outra coisa que não seja um presente (ou futuro) com um pouquinho mais de paz.

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