Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

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NA FEIRA DO LIVRO – Começou na última quarta-feira (30) e segue até domingo (03) mais uma edição da Feira do Livro de Mossoró, este ano realizada no Partage Shopping. Fiz questão de ir logo no primeiro dia, onde passei umas duas horas circulando pelos dez estandes, aproximadamente, da feira.

Louvo a iniciativa dos organizadores, mas sinto que falta capricho, zelo e engajamento por parte dos comerciantes ali instalados, especialmente na oferta de obras em promoção e atuação dos vendedores contratados.

Quanto à promoções, elas quase inexistem, e quando há, são de livros fora de catálogo, desinteressantes, antigos, de baixa qualidade gráfica. Tem que ter muita perseverança e disponibilidade de tempo para achar algo minimamente interessante e atraente em meio aos poucos livros em promoção.

No que pertine aos vendedores, a maioria demonstra total desconhecimento sobre livros. Até aí nada demais, realmente deve ser difícil arregimentar um vendedor conhecedor de livros no mercado. A atuação dos que vi por lá se resume a olhar no computador se ali tem aquele livro. O problema é que, inobstante o desconhecimento, eles querem interferir na sua compra. Deveriam se limitar a ficar em stand-by, deixando o visitante bem à vontade. Não é isso que ocorre, ao menos em alguns estandes.

Num deles, um vendedor colou em mim, no melhor estilo pisa-no-pé. Vez por outra eu olhava-o de soslaio, querendo demonstrar certo desconforto, mas isso não o impedia de ficar ali, estátua. Lá pelas tantas ele me perguntou que tipo de obra eu buscava, respondi que me interessava especialmente por livros de história e política. Ele olha o acervo e então me apresenta um livro, dizendo que eu poderia me interessar por aquele. Quando vejo, a obra trata da influência dos games violentos na vida das crianças e adolescentes. O que porra isso tem a ver com política e história, deveria ter indagado, mas, como sou um sujeito educado, preferi quedar-me da sugestão.

Apesar de tudo, ainda saí da feira com três obras.

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ENCONTRO – Ainda no shopping, na praça de alimentação, encontrei-me com um ex-integrante da imprensa local, que atuava nos cadernos culturais. Ele também mostrou sua insatisfação com a feira, praticamente pelos mesmos motivos que eu, acrescentando apenas o erro na escolha do local. Para meu interlocutor, o evento deveria ser na Estação da Artes, como outrora.

 Foi uma conversa muito boa. Como não nos víamos há algum tempo, atualizamo-nos das vidas e atividades mútuas. Hoje ele exerce uma atividade totalmente diferente do jornalismo, e diz que nem mais acompanha a imprensa local. “Nem sei mais quem são os propagadores de notícias em Mossoró”, disse.

Ao fim, agradeceu o papo, a companhia, disse que foi bom ter me visto, mas que não dissesse a ninguém que o tinha encontrado, que não citasse seu nome.

Ok, amigo, também foi bom tê-lo visto e saber que você está bem. Qualquer dia a gente se esbarra por aí novamente.

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LIMITE ENTRE MUNICÍPIOS – O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJ-RN) sustou, em caráter cautelar, a Lei Estadual nº 10.134/2016, que alterou os limites entre vários municípios do estado, especialmente os que ficam no entorno de São José do Mipibu.

A Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) foi proposta pelo prefeito de Monte Alegre, insatisfeito com a demarcação trazida na lei ora atacada.

A decisão do TJ-RN, como frisei, foi cautelar. O mérito da questão ainda será julgado, mas acredito que a decisão será mantida. A lei fere claramente o art. 18 da Constituição Federal, o qual reza que mudanças desse naipe só podem ocorrer após as populações dos municípios envolvidos serem ouvidas, mediante plebiscito.

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LUCIANO HUCK – Num evento realizado esta semana em São Paulo, o apresentador Luciano Huck mais uma vez se posicionou como um político de centro. Disse que o marxismo não deu certo, e o liberalismo puro também não. Defendeu um meio termo, onde o estado tenha o tamanho necessário. Afirmou ser contra o estado-empresário e que o poder público tem que olhar para o social, sobretudo num país extremamente desigual como o nosso, sob pena de termos que conviver pra sempre com a pobreza.

Ainda no evento, pediu aos presentes para olharem pros lados e verem quantos negros havia ali, fazendo todos refletirem sobre a presença de negros na classe média, que era o público-alvo.

Aos repórteres, Huck negou que seja candidato a presidente da República em 2022, mas todo mundo sabe que é mentira, que ele está em plena campanha, apresentando-se como uma opção de centro, que poderá unir o social da esquerda com a eficiência da direita, como costuma dizer.

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NUNCA MAIS – Quem viveu sob a égide do Ato Institucional nº 5 (AI-5), de 1968, ou quem leu a respeito, sabe que ele representa o período mais cruel de nossa história recente, onde o Congresso Nacional foi fechado, não havia liberdade nas ruas e os generais e afins praticavam as maiores arbitrariedades (torturas, estupros, homicídios…), impunemente.

Justamente por isso, vários políticos e representantes de órgãos de classe se voltaram contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que cogitou a possibilidade de um “novo AI-5” numa entrevista à jornalista Leda Nagle.

De fato, o deputado foi extremamente infeliz, tanto é que não recebeu o apoio nem do pai.

Nenhum brasileiro que desfrute de boa índole e saúde mental quer a volta da ditadura militar, especialmente do seu período mais duro.

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O “ROUBO” É LIVRE – Não é à toa que o Vale do Silício, na Califórnia, concentra as maiores empresas de tecnologia do mundo. No Estado não há leis punindo “roubos” de inovações tecnológicas, nem empregados que levam informações de uma empresa para a outra. A concorrência é totalmente livre, o que não ocorre noutros estados americanos, onde esse tipo de conduta é considerada até crime.

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CURIOSIDADE ANIMAL – Os coalas só comem folhas de eucaliptos, e algumas espécies só comem folhas de um tipo específico de eucalipto. Podem estar com muita fome, mas só comem folhas daquele tipo específico. Isso sim é que é ser exigente na dieta.

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ALIMENTANDO O VÍCIO – É pouco provável que você já tenha ouvido falar de Aza Raskin (foto), mas esse cara, de alguma forma, mudou sua vida. Programador, foi ele quem inventou, em 2006, a rolagem infinita em smartphones, recurso que possibilita ao usuário passar o dia todo em alguns aplicativos, como Instagram, Facebook, Twitter etc. Na época da rolagem finita, o usuário tinha que passar um tempo sem o aparelho para então o conteúdo ser atualizado. Depois da invenção de Aza, o usuário pode passar o dia rolando o dedo pra cima, que conteúdo aparecerá.

Fala-se que ele se arrependeu da invenção, que isso aumentou a dependência e o vício do usuário ao smartphone.

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REVISITANDO A HISTÓRIA“A oposição transformou Vargas num caudilho sanguinário, o Catete em antro de corrupção desenfreada e os aliados de Getúlio em vendilhões do Templo. Boa parte do povo, que tanto devia ao presidente, acreditou na farsa, martelada dia e noite nos jornais, nas rádios e nas televisões, e voltou-se contra o seu benfeitor”.

 (Trecho do livro Guia Politicamente Incorreto dos Presidentes da República, de Paulo Schmidt).

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LIVRO – O romance Um Rio Imita o Reno, de Vianna Moog, se passa nos anos 30, na cidade de Blumenau-SC, que abrigava vários alemães e descendentes. Ocorre exatamente na época da ascensão de Hitler e de suas ideias perante o povo alemão, as quais repercutiam na colônia alemã no Brasil.

Na obra, a filha de uma família conservadora de alemães se apaixona por um engenheiro amazonense que está na cidade para construir uma represa no Rio dos Sinos. A mãe veta totalmente o romance:

 “Protestante casar com católico ainda tolerava. Mas uma alemã com um negro?… era demais. Uma afronta ao espírito da raça. Pena não poder dizer em voz alta o que pensava, para todos ouvirem”, diz trecho do livro, representando o pensamento da matriarca.

O autor nasceu em São Leopoldo (RS), em 1906, teve atuação intensa na política e na literatura, ocupando inclusive uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL). Faleceu em 1988. A obra aqui tratada foi escrita em 1938.

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MELÃO PRA CHINA, A VERDADE – No início da semana vi um militante da imprensa local escrever que a viagem do presidente Bolsonaro à China tinha trazido benefícios para o Rio Grande do Norte, pois o país asiático havia anunciado que compraria o melão produzido no estado.

Isso é o que posso chamar de surfar na onda alheia.

Esse acordo Brasil x China vinha sendo costurado há meses pelo governo estadual e empresários do setor junto ao governo chinês. Tanto é que uma missão daquele país esteve em Mossoró no mês de julho, a fim de analisar as condições da produção, se elas atendiam ao mercado chinês.

O Secretário de Desenvolvimento Econômico, Jaime Calado, esteve duas vezes no consulado chinês em Recife (PE) para viabilizar essa visita, que contou com total apoio do governo.

O gerente de relações institucionais da Agrícola Famosa, Fred Escóssia, em entrevista publicada na imprensa local, afirmou: “Reconhecemos o comprometimento do governo em atuar para o desenvolvimento da fruticultura e melhorar o ambiente de negócios do setor”.

O curioso de tudo é que quem quis atribuir a assinatura do acordo ao presidente Bolsonaro sabe muito bem da verdade, no entanto, optou por mentir, na certeza da desinformação de seus leitores.

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VINGANÇA INDEFERIDA – Uma mulher denunciou o ex-marido, um juiz do TRF da 1ª região, ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por ele ter ido ao motel no horário do expediente, a fim de manter relação extraconjugal. O pedido foi indeferido. O CNJ entendeu que o fato não configurou negligência do magistrado com suas atividades judicantes.

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NÚMEROS – A loja do Android tem 2,1 milhões de aplicativos; a do iPhone tem 1,8 milhão.

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SUGESTÕES/CRÍTICAS – Esta coluna é atualizada às sextas-feiras, sempre às 04h59. Sugestões e críticas podem ser enviadas para o número 99648-2588 (WhatsApp).

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