Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

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O país do Carnaval vive seus dias de denuncismo. No palco bandeiras de todos os partidos. A ópera não tem freiras nem se passa num convento, não tem mocinho e também não é falsificada como no Paraguai que o presidente procriador foi bispo e fez tantos filhos que a última conta já chega em 19 crianças. Eta, galo. Mas a ópera acontece no Senado Federal que gasta em pessoal, num mês, mais do que a Prefeitura de Porto Alegre. São 81 senadores. Os funcionários públicos federais que viajam para todo o Brasil, a trabalho, recebem passagens aéreas e diárias , mas a milhagem dos voos realizados é pessoal e no fim de cada ano os mais viajados têm em seu nome milhas que lhes permitem conhecer Roma, Paris e Nova Iorque. Focos de luz iluminam cartazes que contam de uma ONG ligada ao PCdoB e portanto ao Ministério dos Esportes, que recebeu mais verba do que o dinheiro que foi repassado a cada estado brasileiro para política esportiva. Outro cartaz conta da ONG ligada a festas populares na Bahia que recebeu quase R$ 2 milhões da Petrobras para realizar festa de São João em três cidades baianas. ONG é organização não-governamental, mas como disse o Delfim Neto, o Brasil é o único país do mundo que organização não-governamental recebe dinheiro do Governo. O coral canta “Deus, salve as ONGs”. Aparecem deputados e senadores levando familiares e amigos a Paris, Miami e Milão, nesta ordem. Todos cantam “I love Paris every moment”. Paris no outono é realmente espetacular. 1.668 passagens internacionais caem do teto sobre o público. Protógenes surge viajando nas cotas de passagem da estonteante Luciana Genro. Adriana Galisteu também, mas de um deputado, é claro. Ministro do TCU viaja também. Aparece a Mônica Veloso que não comemos, mas pagamos, a Galisteu também… A Galisteu é nossa. Oba!!! Todos gritam. Num nicho do palco surge a filha do ex-presidente trabalhando em casa e reclamando que o Senado é uma bagunça. Até o nosso Gabeira manda a filha para Paris. Tem sogra, filha, empregada doméstica recebendo verbas da Câmara. O celular do Senado foi parar no México e a filha do senador gastou R$ 14 mil em 15 dias. Eta, filha faladeira. A música incidental é “Cielito lindo”. Bate-boca no STF brota no telão do fundo do palco. Deputado do Psol contratando empresa do Psol. Senado pagando horas extras a funcionários em mês de recesso parlamentar. Sarney levando seguranças do Senado para cuidar de sua casa no Maranhão e a filha também embarca. Os personagens da ópera têm os loucos por jatinhos, assim como têm os loucos por Paris, os loucos pelo Protógenes e aqueles que preferem a Galisteu. Estes são imprescindíveis, afinal a Galisteu é ótima mesmo que absolutamente secundária na ópera. É o melhor coral. O clima inicial é de uma profunda confusão sobre ética e valores. Sons disfônicos invadem o teatro.

 

Por Eduardo Florence

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