Desde segunda-feira o Canal Viva está exibindo, sempre às 23h45, a antológica série Anos Rebeldes, que passou pela primeira vez na Rede Globo em 1992.
Há quem diga que esta série, que traz como foco o engajamento de estudantes de classe média na luta por um país livre, incentivou o movimento cara-pintada, o qual resultou no impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo.
Como não assisti na primeira vez que foi ao ar, estou aproveitando esta oportunidade para ver esta brilhante e empolgante série.
O que me chama a atenção é a diferença de comportamento entre aqueles jovens idealistas dos anos 60 e a juventude vazia de hoje.
Pelo que mostra a série (e também muitos livros etc) o cotidiano dos jovens dos anos 60 era repleto de leituras, debates, preocupações com as questões sociais, com a democracia, a liberdade. As inocentes festinhas eram embaladas com músicas de João Gilberto, Caetano Veloso, Nara Leão etc,. sempre em rodinhas onde o violão passava de mão em mão. As conversas eram sobre livros, peças teatrais, cinema e, claro, questões políticas e sociais.
Hoje, vemos uma juventude descompromissada com coisas sérias, preocupada apenas em atualizar o perfil no FaceBook, cuidar da fazendinha do Orkut, falar dos namoricos pelo MSN e se agendar para a próxima festa. E por falar em festa, quanta diferença musical entre aquele período e o atual. Nos anos 60, as mocinhas se balançavam como pêndulos nas rodinhas de violão, cantarolando músicas dos artistas já citados. Atualmente, eles colocam as mãos nos joelhos e são as “preparadas”, as “cachorras”. Exibem-se em posições ginecológicas, sempre usando aquele short curtíssimo ou aquela minissaia.
Pelo menos nestes dias quero esquecer que estou em 2011. Estou vivendo intensamente os anos 60.
OBS. Escrevi este post ao som de “Alegria, alegria”, de Caetano Veloso.
10 respostas
Opa Erasmo, concordo plenamente com você quando afirma que os tempos passados tinham mais sentido, mais sensatez. Veja esta página http://revi-vendo.blogspot.com/
Erasmo meu Caro,
Lendo esse seu Texto, fico preocupado com o futuro das gerações, futuro de nossa nação e pq que não o futuro do planeta. Hoje está tudo muito precoce, compare nós mesmos quando tinhamos 10 anos de idade, com a garotado de hoje da mesma idade…Os conceitos de Educação com o próximo, Responsabilidades Sociais, Compromisso, Consciência do correto, Questões Ambientes…Tudo isso me pareçe conceitos que hoje não se praticam, ultrapassados, principalmente entre a juventude. Hoje é “Careta” ser Educado, Ter Bom gosto Musical, ser Honesto, ser Tranquilo…O Culto ao Estético, as Festas Vulgares, as Músicas sem Sentido, a regra de hoje é seguir a “moda”…Realmente é preocupante, principalmente com nossos filhos, o que será dessa geração daqui a 15 anos ?…Até os princípios de como se criar um filho são diferentes, a regra é liberdade total, o argumento é para a criança desenvolver o lado “Criativo”, consequência disso: Crianças gritando com os pais, Dominando o ambiente do lar, fazendo o que bem entende…Cabe boas reflexões a todos sobre como está nossa sociedade como um todo, e onde irá chegar tudo isso. Temos que atentar também para ausência dos pais na criação dos filhos, hoje saímos para trabalhar de 7hrs e voltamos de 21hrs, Hj nossos filhos são criados por babás, avós, tias, professoras, as crianças convivem com todo tipo de gente, com coleguinhas que mordem, brigam, crianças agressivas, que respondem a tudo e tem vontade própria, sabemos que as crianças copiam tudo o que observam como exemplo,…a Meu ver, tem coisas erradas aí. O desafio maior é mudar isso, Complicado, muito complicado.
Tio, é engraçado, mas a humanidade tem mesmo esse comportamento de “movimento de maré”, ora cheia, ora vazia.
A juventude dos anos 60 infuenciaram muito ainda a criançada dos anos 60. Eu, que sou coroa rs vejo uma grande diferença entre a safra de pessoas que nasceu nos anos 60 e a safra dos anos 70, por exemplo. O agravamento é apavorante, década após década.
Não sei quando a humanidade vai realizar outro movimento de maré, com preocupações reais com a vida de cada um e do próximo. Tenho esperança na geração anos 2000 representarem essa mudança. Apesar de ainda crianças estarem envolvidos num mundo globalizado, de grifes, bullyngs, de futilidade… há muito acesso a informação e um movimento filosófico muito evidente que pode salvar os que sobreviverem à mecanização e plastificação humana.
Que Maria Alice, Marcelo, Depane, Lara, Ana Clara, Bia, Caroline, Mel, Júlia possam iluminar nosso caminho, amém…
Caro Erasmo, fui muito bem contemplado com esse seu discurso. Na verdade, a leviandade, a mediocridade, o analfabetismo funcional que reina nas instituições “educacionais” e essa corrida paranoica de se autopromover são os novos “valores” da pós-modernidade.
Quanto ao seu discurso, apenas uma ressalva faço: acho totalmente injusto quando utilizamos as palavras cachorro(a) ou qualquer outra atinente ao reino animal como figura de linguagem para nos referirmos a “certos” comportamentos humanos, sejam eles cruéis, destrutivos ou indecorosos – nem na prosa ou poesia tal comparação se faz jus à apelação.
O comportamento do ser humano é próprio de sua natureza e por ela mesma dever ser analisado.
Minha admiração pela fauna e flora é simplesmente inefável e incomensurável. Se interessar, leia o texto: Monstros – essas belas criaturas, @(no) nacoruja1.blogspot.com
Parabéns pelo texto!
Colorau, quer uma dica excelente? Tente aproveitar o que há de bom hoje, porque daqui a 30, 40 anos as coisas estarão ainda piores e terão pessoas como nós se queixando que em 2011 tudo era melhor.
Quando iniciou-se a Bossa Nova, os admiradores e participantes eram chamados de alienados e bobinhos pelas gerações anteriores. Quando chegou a Tropicália, seus autores foram vaiados e sofreram resistência cruel de muita gente. Ou seja, sempre foi muito dificil para uma geração enxergar, contemporaneamente, o bem que está testemunhando. Somente anos depois é que ela compara e percebe “como era feliz e não sabia”, esse lugar comum tão verdadeiro.
Estamos vendo a liberdade de comunicação, a derrubada das distâncias, a democratização da expressão, onde todos podemos ler, ver e ser lidos, ouvidos. Se você tem uma banda hoje, pode aparecer sem depender de gravadoras e empresários centralizadores, se você não consegue emprego em um jornal, pode fazer um blog, você pode aprender o que quiser. E ensinar também. Lamento, como você, as cachorras, as popozudas. Mas isso é uma coisa da humanidade, não apenas dos novos tempos. Daqui a 30 anos, pode ter certeza, o que vai ficar destes anos não são as popozudas, que já serão avós e estarão reprimindo as suas filhas e netas, mas sim as revoluções que a tecnologia está trazendo para as nossas vidas.
O que que é isso Colorau?
Você acha que a maioria dos jovens daquela época debatiam livros e escutavam bossa nova?
Pode ter certeza que não, a grande maioria gostava mesmo era de Roberto Carlos e os outros reis do IEIEIE, escutavam mesmo era MEU CALHAMBEQUE PIPI, SPLISH SPLASH, e outras besteiras da época, João Gilberto e Nara Leão, tenho certeza, apenas uma minoria escutava
Argemiro, e tu? Se não era chegado aos reis do iê iê iê, a Roberto Carlos, João Gilberto etc eras chegado por acaso a Caubi Peixoto menina?
concordo, em partes, com o Argemiro. Até pq se esse pessoal dessa época fosse tão intelectualizado como a globo pintou, nosso país hoje era outro.
Pois é, acredito que o maior desajustamento de conduta hoje aflora pela liberdade desmedida, sem parâmetro moral e pela inversão de valores éticos, fruto da falta de EDUCAÇÃO donde impera a rebeldia gerada pela repressão de outrora. Mas tudo tem cura, e nesse caso a EDUCAÇÃO é a salvação. Já imaginou um País onde se prega nas Escolas que falar errado também é correto? Onde o melhor dirigente também pode ser o ignorante? Onde Político roubar do Governo é ser esperto e não é o mesmo que roubar do povo? Onde ser homossexual é normal transparecendo ser heterossexual fora de moda? Onde o habito de ler cansa? Onde o Governo faz questão de dar o peixe e nunca ensinar a pescar? E ainda dizem ser esse é o País do futuro, é possível? A depender de qual futuro, é sim, depois que o anestesiado povo elegeu o Governo da vergonha Nacional, o mais corruPTo Governo de todos os tempos, tudo pode, até eleger as Wandas da vida pode, imagine o resto.
Vou-me embora pra Parságada/ Lá sou amigo do Rei / Se ficar no Brasil vou ter que virá Gay.