A Fundação Perseu Abramo, ligada ao Partido dos Trabalhadores, fez uma ampla pesquisa na periferia de São Paulo a fim de descobrir os motivos que fizeram os pobres a não votarem mais na sigla.
As respostas revelaram que surgiu uma nova classe no Brasil, a de batalhadores liberais, pessoas que querem emergir na vida pelo esforço próprio, pelo empreendedorismo, pelo trabalho. Elas mostram que estão enojadas da política e dos políticos, que querem dissociar o máximo possível suas vidas do Estado. Querem trabalhar para colocar os filhos em escolas particulares e conseguir pagar um plano de saúde para a família. Cansaram de esperar que o Estado se endireitasse, nos dois sentidos da palavra.
Os batalhadores liberais só querem do Estado que este reduza a quantidade de tributos e que desburocratize o mercado, a fim de facilitar a abertura de novos negócios.
A pesquisa focou na figura caricata do “pobre de direita”, e descobriu, ao contrário do que se propaga, que pobre pode sim ter ideias de direita, como o liberalismo, o sucesso pelo esforço próprio, a mínima dependência do Estado. O mundo está cheio de exemplos de pobres que ascenderam na vida em razão de seu esforço. Temos um aqui bem pertinho, o empresário Sebastião Couto, o Tião da Prest.
O fato de ter nascido pobre não obriga a pessoa a ser para sempre um dependente estatal. A pesquisa apontou que o sonho do pobre não é mais “passar num concurso público”, mas sim obter sucesso no setor privado.
Esta visão é reflexo do total descrédito da população com os representantes estatais, sobretudo os governantes, quase todos envolvidos em maracutaias. O povo quer viver à margem do Estado e dos políticos.
Amanhã, representantes da Fundação Perseu Abramo, da Fundação Fernando Henrique Cardoso e da Fundação Teotônio Vilella, todas mais alinhadas à Esquerda, irão debater o resultado da pesquisa, a fim de procurar um norte para o ressurgimento da Esquerda no país.
Quem quiser se aprofundar mais nesta questão sugiro a edição da semana passada da revista Época, que trouxe extensa matéria analisando os dados da pesquisa, além de uma entrevista com o professor Mangabeira Unger dentro deste tema.
2 respostas
Isso não é mais novidade. O País de Mossoró saiu na frente e faz tempo, viu?
Os ”batalhadores liberais” mossoroenses atuam sempre à noite e sob os semáforos.
São Malabaristas, Engolidores de Espada, Equilibristas em Pernas de Pau, Cuspidores de Fogo,
Atirador de Facas e muitos outros.
Os batalhadores liberais são os inúmeros trabalhadores que ao se verem desempregados partem para abrir suas casas para vender um lanche, transformar sua cozinha em uma marmitaria , aprender com o ofício que exerceu por alguns meses como terceirizada da petrobras e montou a usa própria prestadora de serviço , aquele que viu as dificuldades de cada trabalhador e hoje gera empregos ao abrandar ou sanar essas dificuldades .Temos que parar de pensar que somos um país produtor , não somos! Hoje somos um país de serviços , muitos de nós trabalhadores liberais e pequenos empreendedores vivemos para sustentar um estado obeso, glutão , ineficiente , ultrapassado e retrógrado. Esse é a população que “surpreendeu” o melancólico discurso dos pesquisadores .