Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

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O guia turístico Justin Svoboda, que mora e trabalha em Praga, capital da República Tcheca, teve uma ideia curiosa e moralizadora: criou o CorrupTour (foto).

Cansado de mostrar aos turistas apenas os mesmos prédios e locais históricos, o guia turística decidiu elaborar um roteiro mostrando a face visível dos mais rumorosos casos de corrupção na cidade.

No passeio, que custa aproximadamente R$ 80 e é feito numa van, o guia visita obras que foram superfaturadas, obras inacabadas por causa de desvio de dinheiro, mostra as casas de políticos acusados de corrupção, de laranjas, de funcionários fantasmas, mostra as sedes das empresas que sempre ganham as licitações, de órgãos da imprensa que apoiam políticos desonestos.

Numa das paradas, nas obras do túnel Blanka, Svoboda diz que a obra foi projetada para custar 22 bilhões de coroas, mas os gastos já passam dos 37 bilhões. Ele pede que atentem para a péssima qualidade do cimento. “Pelo dinheiro que está se pagando, deveria ser usado o melhor cimento, mas estão usando o pior”, diz.

Impossível ler sobre a iniciativa de Justin Svoboda e não fazer um paralelo com nossa realidade. E se alguém tivesse a ideia de fazer o mesmo no Brasil? Imaginem um Svoboda em Brasília.

Fiquei a pensar ainda num CorrupTour por nossa valente Mossoró. Assim como Svoboda mostrou a qualidade do cimento, o guia daqui poderia parar na praça da Catedral e mostrar as cerâmicas que insistem em se soltar da argamassa em que foram acomodadas. O passeio também incluiria o Nogueirão (e a foto de seu projeto), a UPA do Belo Horizonte, o viaduto do Alto São Manoel etc.

Nem todas as cidades possuem pontos turísticos, mas todas possuem políticos desonestos. O CorrupTour é uma ideia genial.

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