Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

Tio Colorau

Por Erasmo Firmino

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Eu evito dizer a expressão: “Isso só acontece no Brasil”. Primeiro, porque nunca morei em nenhum lugar além-fronteiras, em segundo, porque já li sobre vários escândalos havidos nos mais diversos países, como o Watergate (EUA), Siemens (Alemanha), Alstom (França), Fifa (Suíça) e Martinelli (Panamá).

Segundo a Transparency International, o Brasil é o 79º país mais corrupto do mundo, numa lista com 176 países. Quem ocupa o inglório primeiro lugar é a Somália. A nação menos corrupta do mundo é a Dinamarca.

Para exemplificar bem, vamos nos ater à Odebrecht. Entre 2003 e 2014, a construtora baiana pagou US$ 788 milhões em propinas a presidentes da República e/ou funcionários do alto escalão em 12 países da América Latina e da África, incluindo o Brasil, tudo através do seu Departamento de Operações Estruturantes, setor responsável pelas transações ilegais. Esse valor não inclui financiamentos para campanhas eleitorais, dentro ou fora da lei.

O presidente peruano Alejandro Toledo (2001-2006) foi acusado de receber US$ 20 milhões de propina para garantir a vitória da Odebrecht na licitação para a construção da rodovia Interoceânica, obra orçada em US$ 814 milhões. Outro presidente, Alan García (2006-2011), recebeu US$ 1,4 milhão pela obra no metrô de Lima, concluída por US$ 520 milhões.

Até mesmo expressões bem utilizadas no Brasil, como “rouba, mas faz”, são adotadas noutros países da América Latina. No Peru, 41% da população admite votar em quem “roba pero hace obra”, segundo pesquisa da Transparency International.

Fora o Peru, também há casos tenebrosos de corrupção envolvendo a Odebrecht em Angola, Equador, Bolívia, El Salvador, República Dominicana, Venezuela, Argentina, Uruguai, entre outros. Em todos estes países há investigações e registro de punições para corruptos. No Peru, inclusive, o nome da operação é a mesma do Brasil: Lava-Jato, cuja pronúncia curiosamente é lavarrato.

Um levantamento feito pela Red Latino-americana de Periodismo de Investigación Estructurado, um conjunto de 21 jornalistas que cobre escândalos na América Latina, concluiu que o Brasil é um dos países onde há mais liberdade de imprensa e onde as autoridades têm mais liberdade para investigar e punir. Outro ponto a nosso favor.

Pense bem antes de dizer a frase: “Isso só acontece no Brasil”. Há corruptos e corruptores em todo lugar mundo afora. Aqui ao menos a imprensa é totalmente livre e as autoridades não corrompidas possuem liberdade para investigar e punir os malfeitores.

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Uma resposta

  1. A desgraça acontece da America Central, para baixo.

    O único país da America do Sul livre das esculhambações, é o Chile.

    Após a queda da ditadura, o seu povo aprendeu o significado de civilidade, educação, respeito ao próximo e honestade acima de tudo. Não há diferença entre estar na Europa e no Chile. Quem já esteve ‘lá’ sabe.

    Masss, em se tratando de ‘cá’, é só KKKKK.

    E vai ‘piorá’.

    É só ‘anotá’.

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